15 de julho de 2015

Sustentabilidade é um tripé econômico, social e ambiental, afirma especialista a alunos do Curso de Café da Associação Comercial de Santos

Sustentabilidade é um tripé econômico, social e ambiental, afirma especialista a alunos do Curso de Café da Associação Comercial de Santos

A sustentabilidade é um tripé econômico, social e ambiental, declarou Soren Knudsen, especialista no assunto, em palestra a alunos do 59.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos (ACS), na manhã de terça-feira, 14 de julho de 2015.

A exposição foi feita na Sala de Classificação e Prova de Café da Associação Comercial de Santos, na Rua XV de Novembro, 137 - 3.º andar, no Centro Histórico.

O curso começou em 6 de julho e terminará em 30 de julho, com 20 alunos - 10 japoneses (5 homens e 5 mulheres), 1 mexicano, 1 britânica, 1 italiano e 7 brasileiros, totalizando 20 inscritos. As aulas ocorrem diariamente, de segunda a sexta-feira, das 8 às 11 horas.

As aulas são orientadas pelo professor Nilton Ribeiro, classificador de café que atuou durante 55 anos na Stockler Comercial e Exportadora. A tradução do japonês para o português e vice-versa é feita pela tradutora Sayoko Nakai.

"A sustentabilidade tem três premissas básicas", disse Knudsen. Uma é econômica, com o objetivo de otimizar o capital financeiro. Outra é social, para otimizar o capital humano e social. E a terceira é ambiental, com a meta de otimizar o capital ambiental. "Sem uma das bases desse tripé, a sustentabilidade cai".

Sustentabilidade, de acordo com definição clássica, é suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas.

"A água é elemento essencial para a agricultura, para a natureza e para o café", segundo Knudsen. Em colheitas recentes, ou houve água demais, ou faltou. "E a água impacta a qualidade do fruto do café".

A rastreabilidade é outro ponto fundamental no que diz respeito à sustentabilidade. "Rastrear é manter os registros necessários para identificar os dados relativos à origem e ao destino de um produto", conforme definição clássica.

A certificação também faz parte da sustentabilidade. "Certificação é a avaliação de um processo", de acordo com Knudsen. "São critérios que visam verificar o cumprimento de requisitos por meio de indicadores rastreáveis". Verificados os indicadores, é conferido um certificado com o direito de uso de uma marca de conformidade associada ao produto ou imagem institucional".

Existem sete certificações ou verificações essenciais para os interessados no mercado cafeeiro internacional: Basic Ifoam Organic Standard (de café orgânico), Fair Trade, Rainforest Alliance, UTZ Certified, Código Comum da Comunidade Cafeeira (4C), Starbucks Cafe Practices e Nespresso AAA.

A expectativa é que neste ano de 2015 os cafés certificados respondam por 20% a 25% do café mundial.

Os cafés com a certificação Basic Ifoam Organic Standard são distribuídos metade nos Estados Unidos e metade na Europa e representam 2% do consumo norte-americano. O maior produtor mundial é o Peru, seguido pela Colômbia. O prêmio médio é de 20% acima da bolsa de Nova York.

O mercado de cafés Fair Trade é distribuído 50% para a União Europeia e 45% para os Estados Unidos. Representa 3% do consumo norte-americano. Um detalhe é que mais de 40% de cafés Fair Trade são orgânicos.

Cerca de metade dos cafés Rainforest Alliance vai para a Europa. Este mercado da Rainforest representa cerca de 2% do consumo norte-americano. O Brasil é o maior produtor mundial.

O norte da Europa é o maior comprador de cafés com a certificação UTZ Certified, mercado que está em constante crescimento desde 2002.

O Código Comum da Comunidade Cafeeira certifica cafés arábica e robusta. O maior mercado é a Europa. O maior produtor mundial é o Brasil, seguido pelo Vietnã.

A certificação Starbucks Cafe Practices foi criada pela própria empresa, para garantir a qualidade desejada aos cafés servidos na rede de cafeterias. Os fornecedores de cafés - classificados em verificados, preferidos e estratégicos - têm preferência de contratos de fornecimento de acordo com a avaliação dos critérios da companhia. Os fornecedores estratégicos recebem um ágio no primeiro ano de fornecimento. O Brasil é o maior fornecedor.

A Nespresso AAA é uma certificação específica da Nestlé para o café. Além de atender aos requisitos de qualidade Nespresso AAA, é necessário que o produtor tenha a Rainforest. É a demanda que mais cresce atualmente.

TENDÊNCIAS

Soren Knudsen antecipou que, para os profissionais do mercado cafeeiro, algumas tendências precisam ser devidamente consideradas: a proteção às florestas, as mudanças climáticas, a proteção à vida silvestre, o combate à extrema pobreza e a necessidade de uma gestão empresarial eficiente.

Há também desafios que exigem ser encarados, como o crescimento exponencial da demanda de café e o crescimento geométrico da oferta, segundo Knudsen. "Embora a demanda cresça, a oferta pode apresentar um nivelamento, pois os produtores mais aptos a se certificarem já estão no mercado. O segundo patamar de produtores terá mais dificuldades em obter certificações mais restritas".

O especialista observa que, internacionalmente, ocorre "a consolidação de grandes cadeias de fornecimento particulares, guiadas pelas multinacionais, cada qual com o seu selo de preferência".

Outra tendência é a ocorrência de "certificações múltiplas em todo o café oferecido pelas entidades ofertando o mercado".

Soren Knudsen entende que também se verifica "estreitamento das relações comerciais pela cadeia, assegurando fidelidade e entrega".

Para Knudsen, "a Starbucks Cafe Practices, a Nespresso e a 4C apresentam as melhores oportunidades por volume com qualidade específica". Ele aponta que "a 4C oferece a melhor oportunidade de volume de café mainstream".

"A Rainforest apresenta a melhor oportunidade para cafés de qualidade com ágio", segundo Knudsen. "O Brasil é o único país que oferece todas essas condições".

O site do especialista pode ser conferido em: http://www.sorenknudsen.com.br

CURSO DE JULHO

O 59.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos incluiu, nos dias 10 e 11 de julho, uma viagem à Fazenda Iracema e ao armazém da Dínamo, em Machado, no sul do Estado de Minas Gerais.

O curso terá também uma palestra sobre o mercado de café, com informações sobre as bolsas de Nova York e Londres, apresentada por Nicolaus Fallmeier e Alexandre Ferraz, ambos da Stockler.

A formatura acontecerá em 30 de julho, no final da tarde, no Auditório da Associação Comercial de Santos.

ALUNOS ESTRANGEIROS

Alberto G. Sada Zambrano (mexicano) - Eisa - Empresa Interagrícola S.A.

Ayaka Fujii (japonesa) - UCC - Ueshima Coffee do Brasil

Emi Ueda (japonesa) - UCC - Ueshima Coffee do Brasil

Grace Gallagher (britânica) - Cia. Iguaçu de Café Solúvel

Kohei Sano (japonês) - Mitsui Alimentos

Koji Ogawa (japonês) - Cia. Iguaçu de Café Solúvel

Mao Oshiguchi (japonesa) - Cia. Iguaçu de Café Solúvel

Mika Okuda (japonesa) - Cia. Iguaçu de Café Solúvel

Nami Aoyama (japonesa) - Cia. Iguaçu de Café Solúvel

Nobuhiro Higashiyama (japonês) - UCC - Ueshima Cofee do Brasil

Oliviero Remmert (italiano) - Stockler

Takumi Fujimoto (japonês) - Mitsui Alimentos

Yuichi Hatayama (japonês) - Mitsui Alimentos

BRASILEIROS

Douglas Saka Zanella - Outspan Brasil Import. Export.

Fabricio dos Santos - GGA - Corretora de Mercadorias

Fernanda Jordão - Volcafe

Lucas Piccoli de Souza

Midiã Menezes Viana

Rubens Eduardo Viana

Victor Mauri da Costa Reme Alves - Rei do Café

CURSO DE CLASSIFICAÇÃO E DEGUSTAÇÃO DE CAFÉ

O Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos teve início em 1989, com o objetivo de capacitar os alunos a identificar as características do produto, atender às exigências do mercado e criar oportunidades de negócios. Desde então, mais de 800 alunos já foram habilitados.

Além de despertar o interesse de profissionais do mercado cafeeiro do Brasil, o curso da ACS é reconhecido também pelos principais países consumidores. No mês de julho de cada ano, japoneses que atuam em empresas relacionadas à indústria do café vêm a Santos especialmente para o curso da Associação Comercial. Profissionais de outras nações complementam as turmas de julho.

O curso é supervisionado pelo presidente da Associação Comercial de Santos, Roberto Clemente Santini, e pela coordenadora da Câmara Setorial de Exportadores de Café da ACS, Evelyse Lopes.

São duas horas diárias durante quatro semanas de aprendizagem teórica e prática sobre a história do café, produção, armazenagem, aspectos econômicos nacionais e internacionais, legislação, tecnologia, fiscalização, identificação de grãos, prova de bebida e desenvolvimento de blends (misturas) de cafés.

As aulas teóricas são ministradas na Sala de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos, no 3.º andar. Palestras ministradas por especialistas - em sustentabilidade e no mercado cafeeiro - complementam as aulas.

Também na Sala de Classificação e Degustação de Café ocorrem as atividades práticas - de classificação dos grãos verdes e de degustação, realizadas diariamente, até o final do curso. Os alunos observam as características dos grãos e provam os cafés, sentindo o aroma e o sabor da bebida.

O programa do curso inclui ainda visita a uma fazenda de café e a um terminal de exportação e beneficiamento de café, este da Dínamo Inter-Agrícola, o único no Porto de Santos.

Para participar do curso é necessário ter 18 anos de idade, cópia do diploma ou certificado de conclusão do Ensino Médio ou equivalente, atestado de sanidade bucal emitido por profissional habilitado e cópia da carteira de identidade (RG) ou passaporte.

Ao final, os alunos com frequência mínima de 80% e com bom desempenho nas aulas recebem certificado e carteira de classificador, além de uma colher de prova de café.

O curso tem edições em março, maio, julho, setembro e novembro.

Mais informações podem ser obtidas na Associação Comercial de Santos, pelo telefone (13) 3212-8200, ramal 220, e-mail: acs@acs.org.br













































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