25 de fevereiro de 2016

Debate Segurança no Porto - Empresas da Alemoa deverão investir R$ 50 milhões em segurança nos próximos 18 meses

Debate Segurança no Porto - Empresas da Alemoa deverão investir R$ 50 milhões em segurança nos próximos 18 meses

Informação foi divulgada pelo coordenador da Câmara Setorial de Terminais de Granéis Líquidos da ACS, Mike Sealy, durante o debate, promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS) e pelo grupo A Tribuna de Comunicação

Onze empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL) deverão investir R$ 250 milhões nos próximos anos, sendo R$ 200 milhões em ampliações e adequações de instalações operacionais e R$ 50 milhões em segurança, este último valor especificamente na área da Alemoa, em Santos. No local, funcionam atualmente três terminais: Stolthaven, UltraCargo e Vopak.

A informação foi divulgada pelo coordenador da Câmara Setorial de Terminais de Granéis Líquidos da Associação Comercial de Santos (ACS), Mike Sealy, durante o evento “Debate no Porto”, promovido pela ACS e pelo grupo A Tribuna de Comunicação. O encontro foi realizado na última segunda-feira (22) na nova sede da TV Tribuna, à Rua João Pessoa, 350, no Centro de Santos.

Mike, que também é vice-presidente da ABTL e diretor da Stolthaven Santos, explicou que as empresas já estão adequadas e licenciadas. Porém, os investimentos buscam excelência na área de segurança.

“Os investimentos programados só para a Alemoa, onde ocorreu o incêndio em abril do ano passado, giram em torno de R$ 50 milhões. Nós já temos armazéns capacitados. Para um fogo estático, por exemplo, estamos totalmente cobertos. Mas,  se tivermos que enfrentar um evento dinâmico, fica difícil saber o que iremos precisar. Não existe uma unidade que tenha toda capacidade necessária para um sinistro dessas proporções (como o da Alemoa), temos que lembrar que esse incêndio foi o maior do mundo em terminais marítimos. Por isso, esses investimentos vão buscar a excelência”.

Ele ressaltou, inclusive, a importância de os governos investirem também nos acessos ao Porto. “Quem tem só um acesso, não tem nada. Um porto como o de Santos tem que ser encarado de outra forma. Espero que, com a discussão, as autoridades tenham entendido a necessidade de encontrar soluções. É preciso ter vontade política para que se invista onde tem que se investir”.

Mike foi um dos palestrantes convidados para o debate, que teve como principal objetivo buscar soluções para que não ocorram novamente acidentes de grandes proporções, como os incêndios da Copersucar (2014), Ultracargo (2015) e Local Frio (2016), todos em áreas portuárias ou retroportuárias.

O evento foi aberto após a inauguração do auditório da TV Tribuna pelo presidente da ACS e diretor-presidente da TV Tribuna, Roberto Clemente Santini, que falou sobre a importância da discussão não só para o Porto, mas para toda a Região Metropolitana da Baixada Santista.

“Nosso objetivo é mobilizar para que o assunto segurança no Porto seja debatido e, no futuro, se chegue à eficiência nesta área. Iniciar a discussão é essencial e é essa a função da ACS e da Tribuna, uma vez que grande parte das empresas portuárias e retroportuárias é nossa associada”.

O vice-governador, Marcio França, participou da abertura. À imprensa, ele garantiu que investimentos para obras de acessos à Cidade de Santos estão por vir.

“Estão programados investimentos dos governos municipal, estadual e federal para obras de acesso à Cidade de Santos e ao Porto. O recurso do Estado virá por meio da iniciativa privada, da Ecovias, que é a concessionária. O município também já tem o recurso disponível e falta a União integralizar a parte dela. O orçamento da União está cortado esse ano, mas a presidente Dilma Roussef tem preservado algumas áreas, como a de logística, porque se você deixa de ter essas obras, deixa de ter outras rendas e deixa de arrecadar. Penso também que o Porto e a Codesp (concessionária que administra o Porto de Santos) podem entrar com um pedaço desse recurso”.

Também estiveram presentes o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, os deputados federais João Paulo Tavares Papa e Beto Mansur, e os diretores da ACS: Martin Aron, Gustavo Pierotti, Pedro Veras, Edison Monteiro, além do diretor-executivo, Marcio Calves.

Painéis

O debate foi dividido em dois painéis, que contaram com representantes da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo, Corpo de Bombeiros, Cetesb, Associação Brasileira de Químicos, Secretaria de Portos de Santos, Secretaria de Meio Ambiente de Guarujá, Defesa Civil do Estado de São Paulo, Ibama, Codesp, além do representante da ACS, Mike Sealy.

Durante sua participação, o coordenador a Defesa Civil do Estado de São Paulo, o coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, sugeriu, como uma das soluções para melhorar o combate em acidentes de grandes proporções, a instalação do chamado Processo APELL (Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais, em português). Trata-se de um conjunto de diretrizes formuladas pelo Departamento da Indústria e Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), em cooperação com a Associação das Indústrias Químicas dos Estados Unidos e o Conselho Europeu das Federações da Indústria Química. “Defendo a criação do APELL, de se criar uma câmara que possa efetivamente demandar recursos materiais para combater esses sinistros e pessoas certas para fazer o combate”.

A superintendente substituta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Estado de São Paulo,  Cinthia Massumoto, ratificou a importância da instalação do APELL, mas ressaltou que é necessário um sistema de informática para disponibilizar as informações existentes a todos os órgãos. “Cada órgão trabalha fazendo seus próprios licenciamentos e não conseguimos ter uma visão total dos riscos. Não temos um sistema em conjunto com a Cetesb, para olhar a região como um todo. Trabalhamos em cima do empreendimento e só conseguimos ter uma visão total dentro do porto organizado. Precisaríamos de um sistema de informática que agregasse todas as informações. É uma solução de TI (Tecnologia da Informação) simples, mas não há um gestor”.

Já a superintendente de Meio Ambiente da Codesp, Marcia Jovino, acredita que apesar de existirem treinamentos e planos de combate, em determinados períodos há falhas por falta de pessoal. “Todos os terminais e operadores têm planos de emergência. Temos treinamentos constantes para debater como atuar durante esses sinistros. Acompanhei as três ocorrências (Copersucar, Ultracargo e Localfrio) e observei que todas ocorreram ou à noite ou em finais de semana, vésperas ou feriados. Dessa forma, acredito que não se pode baixar a guarda, porque os acidentes ocorreram justamente quando havia quantidade menor de homens atuando”.

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