Fala é de Ricardo Zuniga, cônsul geral dos EUA em São Paulo, durante visita à Associação Comercial de Santos (ACS) nesta sexta-feira (26)
Durante visita à Associação Comercial de Santos (ACS) nesta sexta-feira (26), o cônsul geral dos Estados Unidos (EUA) em São Paulo, Ricardo Zuniga, afirmou que durante este período de crise econômica, pelo qual passa o Brasil, os EUA irão incentivar investimentos no mercado brasileiro e o crescimento das exportações no Brasil.
“Sabemos que somos o sócio mais importante dos produtos manufaturados. Falando como um observador interessado, vai ser muito importante para Brasil expandir a capacidade exportadora do País para ter um bom balanço enquanto o mercado interno está em queda. Para nós, isso foi muito importante em 2008, quando tivemos uma crise muito forte. Na época, o comércio com o Brasil e o turismo de brasileiros ajudaram o Estado da Flórida. Por isso, nossa mensagem é que vamos ser um bom parceiro para o Brasil nesse momento de crise econômica, assim como o Brasil foi um bom parceiro para os EUA durante o nosso momento difícil”.
Também estavam na comitiva o cônsul comercial, Everett Wakai; a especialista comercial Ebe Raso; a vice-cônsul Bridget Trazoff; e o vice-cônsul Greg Simkiss. Eles foram recebidos pelo presidente da ACS, Roberto Clemente Santini, e pelos integrantes da diretoria Martin Aron; Edison Monteiro; Vicente do Valle; Fabricio Julião; Mike Sealy, do Conselho de Câmaras Setoriais; José Américo Trindade, do Conselho Fiscal; além do diretor-executivo Marcio Calves.
“A visita do cônsul geral dos EUA é de grande importância para ACS e, por extensão, para os empresários, para a Cidade, para o Estado e para o Brasil. Essa visita permitiu uma troca de experiências ímpar com um grande parceiro comercial, os Estados Unidos, principalmente em um momento como este, pelo qual passa o Brasil. Além disso, abre um canal direto de comunicação entre a ACS e o Consulado Americano em SP. Sem dúvida, é importante para os dois lados”, ressaltou Roberto Clemente Santini.
Também recepcionaram o cônsul e sua comitiva João Paulo Tavares Papa, deputado federal e ex-prefeito de Santos; Marcos Clemente Santini, diretor-presidente do jornal A Tribuna; Paulo Naef, diretor-superintendente do jornal A Tribuna; e os empresários Michael Robert August Timm (Stockler Comercial e Exportadora LTDA), Enerst Theodoor Schulze, presidente da Embraport e Leo Altstut.
O cônsul comercial, Everett Wakai, considerou positiva a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Projeto de Decreto Legislativo 244/15, que contém o Acordo sobre a Facilitação de Comércio no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), resultado da Rodada Doha na conferência de 2013.
O acordo traz medidas para modernizar a administração aduaneira e simplificar e agilizar os procedimentos de comércio exterior, permitindo cooperação entre os integrantes da OMC para a prevenção e o combate de delitos aduaneiros.
“Estamos muito contentes com esse voto a favor dado pela Câmara dos Deputados”.
Zuniga disse ser a favor do Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico (TPP), que visa combater a crescente influência econômica e política da China e estabelece normas comuns sobre questões que vão desde os direitos dos trabalhadores à proteção da propriedade intelectual em 12 nações do Pacífico.
“Estamos analisando tudo o que podemos fazer para acelerar e avançar com esse tipo de abertura”.
Na sequência, o vice-presidente da ACS, Martin Aron, perguntou ao cônsul como ele vê a postura do Brasil, que tem se alinhado nos últimos anos a países de menor expressão do que os da Europa e os EUA, voltado mais para os da África e da América Latina, em relação a transformar, em médio prazo, positivamente a economia, para seguir em direção a países como os EUA e países europeus.
Sobre isso, Zuniga sugeriu, como um dos caminhos, manter o foco nas exportações. “A força da economia e os fatores internacionais vão obrigar qualquer governo, e também o brasileiro, e qualquer mercado, a ter acordo com países mais importantes. Os grandes grupos comerciais e as associações comerciais estão favorecendo negociações e valorizando o comércio internacional, porque eles entendem que para poder competir isso é necessário”.
Petróleo e Gás
O diretor da ACS, Vicente do Valle, falou sobre a importância da instalação de uma base offshore para a economia da Baixada Santista, questão que vem sendo discutida e defendida insistentemente pela Câmara Setorial de Petróleo e Gás da ACS, principalmente após o fim da participação obrigatória da Petrobras na exportação de petróleo nas camadas do pré-sal.
“A base é muito importante porque nada mais é do que a portaria de fábrica dessas plataformas que se encontram em alto mar. Ou seja, toda relação comercial existente tem que ser feita por meio de uma base. Tendo esse ponto de partida, abrimos a porta para o desenvolvimento de todo entorno, onde empresas podem se instalar. Nossa região tem tudo a oferecer em relação a isso”.
Ele lembrou, ainda, que a ACS mantem um acordo de cooperação com a Câmara de Comércio de Houston e também assinou um Memorando de Entendimento (ME) com a Offshoreenergy DK (OEDK), Centro Nacional e Oficial de Reconhecimento e Inovação para a Indústria Offshore Dinamarquesa, que tem como objetivo estabelecer atividades conjuntas e promover cooperação entre empresas do setor marítimo e de petróleo e gás de Santos e da Dinamarca.
Ambas iniciativas foram amplamente parabenizadas pela comitiva do consulado norte-americano.
Educação
A criação do Parque Tecnológico, questão apresentada ao cônsul pelo diretor da ACS Edison Monteiro, também foi bastante elogiada.
“Estamos em processo de construção da Fundação Parque Tecnológico, onde será criado um Centro de Pesquisas junto com o processo da Petrobras. E, de alguma maneira, em algum momento, devemos retomar o processo de energia no nosso País, na área de pré-sal, o que daria condições de se criar incentivos de atratividade para empresas internacionais, para que elas possam desenvolver trabalhos na nossa região, nessa área de energia”.
Por fim, Mike Sealy, vice-presidente do Conselho de Câmaras Setoriais da ACS, questionou o motivo pelo qual os Estados Unidos têm grande resistência em que as indústrias automobilísticas, que produzem automóveis flex (álcool e gasolina) no Brasil, também produzam esses veículos nos EUA.
O cônsul explicou que, “apesar de ser uma questão também política, o etanol está sendo superado por outras tecnologias na indústria”.