Fonte: Assessoria de imprensa ACS
Durante palestra promovida pelas câmaras setoriais de Assuntos Aduaneiros e Portuários e Navegação da Associação Comercial de Santos (ACS), o presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sergio Aquino, fez um alerta ao destacar que o Porto de Santos precisa se modernizar para se tornar mais competitivo.
“Se formos perdendo competitividade, se a cabotagem do País crescer, o Porto de Santos precisa abrir os olhos, a médio e logo prazos. Não digo que Porto vai fechar amanhã, mas precisamos lembrar que na atividade portuária nada acontece da noite para o dia. Quando o mercado começa a caminhar numa direção, ele não volta mais e nós hoje estamos vendo a navegação indo para outras direções e o que nos segura é nossa economia do Estado de São Paulo”.
No evento, realizado nesta quinta-feira (5) no auditório do Sindamar, no Centro, em Santos, Aquino fez uma apresentação contando a história dos modelos portuários antigos até chegar no atual, onde não existe caixa, tambor ou saco, mas sim um sistema padronizado de embalagem, o contêiner, “que mudou toda realidade portuária”, segundo o palestrante.
De acordo com ele, esse modelo atual de operação exige novos conceitos de administração, de planejamento e de operação, o que gera a necessidade de um novo conceito de trabalho e trabalhador portuário, readequados à nova realidade.
Porém, além de questões geográficas, que são um desafio para manter a competitividade, uma vez que o Brasil está fora das grandes rotas de comércio, que ficam mais para o oeste e leste, nosso país tem desafios complementares.
“Além de termos que enfrentar a realidade do desafio da mudança, nós temos que ser mais competitivos que os outros, por estarmos fora das rotas, porque um frete para a nossa região é menos competitivo. Não dispomos de quantidade de economia de escala para receber grandes navios que poderiam também ter fretes mais competitivos. Somando esses fatores, deveríamos estar com o modelo portuário mais eficiente do mundo, deveríamos mostrar como nós temos modelos portuários que podem ser exemplo para o mundo, mas é o contrário”.
O novo canal do Panamá é outro fator de desequilíbrio concorrencial para o País e para o Porto de Santos e, segundo ele, muita gente não percebeu.
“Determinadas cargas que ainda vêm para o Porto de Santos, com navios de grande porte podendo cruzar por cima. Portos do norte e nordeste aumentam sua competitividade para cargas que hoje ainda são feitas pelo Porto de Santos”.
Aquino falou, ainda, sobre a questão da legislação brasileira, “que colocou o Brasil em uma situação em que o modelo atual vai contra as melhores práticas do mundo”.
Por isso, ele acredita que é preciso uma mobilização maior da comunidade. “Nós temos grandes desafios e grandes problemas e a necessidade de atuações que somente ocorrerão se a comunidade estiver ciente de que nós temos que nos posicionar sobre algumas coisas. A comunidade só analisará isso no momento em que tiver conhecimento e o tema portuário fizer parte do dia a dia de todos. E isso só acontece quando entidades como ACS se colocam à disposição como instrumento de diálogo e se posicionam para defender determinados temas”.
O coordenador da Câmara Setorial de Assuntos Aduaneiros e Portuários da ACS, Rodrigo Zanethi, disse que a palestra em conjunto com as duas câmaras atende ao pedido da diretoria da Associação, para sempre que possível realizar reuniões conjuntas para trazer o máximo de participantes.
“Como o tema porto é comum para ambas as câmaras, acredito que é importante que esses setores de unam para saber o que está acontecendo no cenário portuário nacional”.
Mauro Sammarco, coordenador da Câmara Setorial de Navegação, ratificou a fala de Zanethi. “É importante que os integrantes das duas câmaras tenham um panorama geral sobre a movimentação do Porto, questões de navegação e dragagem”.