03 de dezembro de 2013

Tecnologia - É tudo entretenimento

Fonte: Brasil Econômico / 3/12/2013


Semana passada tive o prazer de participar do seminário Controversas, na UFF. Entrei no debate “O jornalismo tradicional diante da proliferação de vozes”. E o que a tecnologia tem a ver com isso? Tudo

A coluna de hoje, portanto, fala um pouco sobre o que não foi comentado durante o ótimo encontro na UFF. Ou melhor, até se comentou sobre isso, mas não com o detalhamento necessário.

A questão é que, assim como o mercado de entretenimento - e aliás, qual mercado não quer entreter alguém? - a indústria de jornalismo levou uma tremenda sacudida com essa revolução chamada internet. Basicamente porque ela se serve das chamadas Tecnologias da Informação e Comunicação. Tudo a ver com a necessidade do sujeito manter-se informado e, principalmente, trocar ideias com os outros, em larga escala.


As empresas de comunicação andam apanhando com a internet da mesma maneira que o mercado fonográfico levou sua surra. Esse paralelo ajuda a ilustrar uma longa caminhada. Quando a internet começou a se popularizar, as gravadoras sentiram o baque.


Primeiro foi o tráfego (ou tráfico...) ilegal de músicas, com zilhões de arquivos digitais circulando pela rede, sem respeito aos direitos autorais. Coisa da própria cultura ‘internética': mete a mão no conteúdo alheio, republica, e tudo bem. É um condicionamento bem interessante.

Outro ponto fundamental foi a chegada no YouTube, em 2005. A partir dali, os músicos começaram a ganhar acesso direto ao seu público, que poderia estar em qualquer lugar do mundo. Daí vieram fenômenos inúmeros, para o bem e para o mal da arte, da cultura e da inteligência... Azar das gravadoras, que viram seus lucros irem para o ralo, e mais azar ainda dos músicos atrelados a velhos sistemas. E pena das lojas de CDs, que foram morrendo aos poucos.

Não é tão diferente no mercado de jornalismo. Primeiro veio a web, e os jornais criaram suas versões online estampando notícias gratuitamente. Não demorou, e as vendas dos impressos começaram a cair, porque o papel começou a ter cheiro de notícia velha. Com isso, a publicidade foi migrando para outros meios - mas não necessariamente para a versão online de cada veículo.


Aí é que está o busílis. Os anunciantes começaram a distribuir suas verbas publicitárias entre uma série de veículos, num pingadinho para cada um. Isso porque aquele velho leitor de um único impresso passou a ler uns tantos jornais online, assim como blogs e outras publicações alternativas ao que, até então, era o mainstream. O mainstream, digamos assim, ficou disperso pelo mundão web.


Eis a tal da proliferação de vozes começando a comer, pelas beiradas mas insistentemente, a informação produzida à maneira tradicional. No paralelo com a indústria musical, foi quando surgiram músicos e bandas apresentando novas vozes e ritmos. Estes acabaram se reinventado, ainda que a duras penas. Por essas e por outras, o mercado jornalístico precisa prestar mais atenção ao mercado de entretenimento.

CURTAS

■ DICA DE PRESENTE
Passei as últimas três semanas usando o Moto G. O aparelho me entregou tudo o que esperava dele: internet, boas fotos, facilidade de uso, vídeo e som. Evidentemente, não é tão poderoso quanto seu irmão Moto X ou os concorrentes Galaxy e iPhone, que são para outro público, com poder aquisitivo mais alto. Eis, então, a grande sacada deste Moto G: ele é um smartphone bom, bonito e barato. Mira, claro, na galera que não pode ou não quer desembolsar mais de R$ 1 mil por um smartphone. Os Samsung IV são tudo de bom, mas R$ 2 mil é grana. Além do mais, trata-se de um nicho de mercado já bastante disputado pelos mais caros.


Já o filão dos smartphones mais baratos vão atender com louvor aos clientes das classes B, C e D ascendente. É inevitável reconhecer que um aparelhinho desses pode significar maior produtividade e, com isso, mais renda. Se representa melhor qualidade de vida, não se sabe exatamente, mas aí seria outra história. Enfim, fica o recado: o Moto G custa cerca de R$ 800, de acordo com o humor da loja, e vale quanto pesa.

■ Ô COISA FEIA
Essa onda de macaquear a cultura estrangeira parece inevitável, principalmente no mundo dos negócios. Mas o brasileiro sempre dá um jeito de tropicalizar a brincadeira. O que se viu no festival de promoções da última sexta-feira - e que se estendeu ainda pelo fim de semana - dá vergonha alheia. De um lado apareceram empresas, pontocom ou não, que disfarçaram porcamente os descontos.

Pura malandragem rasteira. De outro, estavam os consumidores que ainda não aprenderam que não podem confiar cegamente em qualquer coisa só "porque está na internet", sem o mínimo de cuidado e sensatez. E, no meio do caminho, redes congestionadas e programas ineficientes. Mas a gente sabe que Deus é brasileiro: a consultoria E-bit diz que a nossa Black Fraude movimentou R$ 770 milhões, num aumento de 217% em relação ao fechamento do ano passado. Seria uma receita equivalente a um terço da receita obtida da Black Friday americana.

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