Marcelo Lacerda - Presidente da Lanxess no Brasil
O Brasil encontra-se em uma fase auspiciosa e reúne uma série de fatores propícios ao seu desenvolvimento. Vivemos uma democracia estabilizada, atingimos e desfrutamos da tão almejada estabilidade econômica e possuímos um representativo mercado consumidor interno.
Entretanto, as incertezas que permeiam o ambiente internacional conferem ao Brasil desafios acerca de sua capacidade de aceleração do seu crescimento.
É preciso que nós, brasileiros, tenhamos incorporado em nosso dia a dia senso de urgência para corrigir obstáculos imprescindíveis à competitividade, que será, definitivamente, o fator de diferenciação junto aos demais concorrentes na escolha por parte do investidor onde colocará seus ativos.
Nesse sentido, a atividade industrial brasileira, com foco na redução do Custo Brasil e no estabelecimento de condições basilares à transformação do setor no país, terá a representatividade no todo do PIB.
Considerando-se uma expansão anual do PIB de 5,5%, de acordo com o Mapa Estratégico da Indústria 2007-2015, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a renda per capita do Brasil crescerá a uma taxa anual de 4,5%. Neste processo, a indústria brasileira, que responde por 22% do PIB do país, tem um papel preponderante.
A indústria tem um papel fundamental na geração de valor agregado, o que a torna particularmente suscetível às ineficiências da infraestrutura.
Por exemplo, a indústria química brasileira, pela sua acomodação histórica, esteve baseada em polos que se localizam a longas distâncias dos principais mercados.
Fator de incremento regional, os polos demandam, para o seu funcionamento e a sua competitividade, um alto nível de integração logística e condições eficientes de transporte. Entretanto, atualmente esse alcance da competitividade sistêmica depara-se com insuficiências importantes e custos elevados.
É necessário que esse grave problema, que tolhe as empresas químicas e o conjunto da economia brasileira, seja equacionado com urgência, de maneira a abolir o seu ônus à competitividade.
Ao lado dessa questão, premente e imediata, existem duas outras que também devem ser equacionadas desde já.
A primeira é a necessidade de se internacionalizar os preços das matérias-primas, tornando-as mais competitivas. A segunda, refere-se aos elevados custos com energia que, apesar de ser uma das mais limpas do mundo, é extremamente cara, para ser mais preciso, a segunda mais cara do mundo.
Boas referências são os estudos elaborados pela CNI, intitulados "A Indústria e o Brasil - uma agenda para crescer mais e melhor", que apresenta a aspiração da indústria e a sua visão sobre o Brasil, com foco nas prioridades para 2011-2014, bem como o "Pacto Nacional da Indústria Química", da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que define os compromissos da indústria química com o desenvolvimento econômico e social do país, e aponta os principais entraves que freiam as decisões dos investidores, nacionais e estrangeiros, em ampliar os negócios no setor químico brasileiro.
Marcelo Lacerda é presidente da Lanxess no Brasil
Fonte: Brasil Econômico / 02/08/2012