Octávio Costa - Editor-chefe (RJ)
Em entrevista ao Wall Street Journal, o americano Jim O'Neill, inventor da expressão Bric, voltou a afirmar que Brasil, Rússia, Índia e China vão comandar o crescimento global na próxima década e previu que a economia brasileira deverá crescer à média anual de 5%.
Há uma semana, o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira, também surpreendeu pelo otimismo e projetou crescimento do PIB acima de 4% para este ano.
No ano passado, ele estimou que o PIB ficaria em torno de 1%, o que lhe valeu uma resposta exaltada de Guido Mantega. Seu prognóstico foi considerado uma piada pelo ministro, que insistiu por meses num desempenho bem melhor.
Mantega errou e Nilson Teixeira acertou, mas, agora, os dois estão afinados em seus vaticínios. E ganharam a adesão importante do visionário Jim O'Neill, o experiente economista do Goldman Sachs.
O mercado financeiro, porém, faz um exercício de futurologia bem diferente. É o que mostra a pesquisa Focus, divulgada segunda-feira pelo Banco Central.
Para os especialistas das principais instituições financeiras, a economia nacional crescerá 3,10% e olhe lá. Bem mais robusta, segundo os experts, será a taxa de inflação, esta semana estimada em 5,82%. Em função disso, as taxa de juros oficiais podem subir para 8%.
Não há muita discussão sobre os motivos que levarão o PIB a um resultado superior ao nível raquítico de 0,9% em 2012. Na linha de frente, aparece o aumento da taxa de investimento, alimentada por concessões à iniciativa privada e desembolsos diretos da União, seguido das desonerações da folha de pagamentos e da cesta básica.
A hora é de alavancar a formação bruta de capital fixo, e não só por obra e graça do BNDES. De outro lado, se o efeito dos incentivos ao consumo está perto de se esgotar, o mercado interno, alimentado pelo emprego e o aumento da renda, ainda tem sua força.
Na seara internacional, as nuvens parecem menos carregadas nos EUA e na China. Mesmo na Europa, a poeira da crise começa a baixar.
Enfim, o Brasil tem mesmo tudo para crescer a uma taxa exuberante este ano. Apesar da má vontade de alguns economistas, a previsão de Mantega, desta vez, não vai repetir o fiasco de 2012.
Jim O'Neill não tem o dom da infalibilidade, mas conta a seu favor a visão acertada sobre a mudança de ventos no cenário mundial. Com a China puxando o cordão, os Brics cumpriram sua profecia. A vez é dos emergentes.
Na segunda-feira, o conservador JPMorgan elevou a recomendação para as ações de empresas brasileiras. E o dólar, não fossem as intervenções do Banco Central, continuaria a descer a ladeira.
Há quem diga que os observadores estrangeiros são mais otimistas. Mas não é bem assim. Antes queridinho da mídia internacional, o Brasil recentemente foi alvo de previsões sombrias.
A carruagem, da noite para o dia, teria virado abóbora. Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar, que se restabeleça o equilíbrio. Não é certo que um brasileiro será eleito papa, mas a economia promete um ano virtuoso.
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Octávio Costa é editor-chefe do Brasil Econômico (RJ)
Fonte: Brasil Econômico - 12/3/2013