Cláudio Conz - presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
Como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), tive a oportunidade de participar do "Seminário Brasil - Estados Unidos: Parcerias para o Século XXI", que aconteceu na US Chamber of Commerce (Hall of Flags), em Washington - DC, nos Estados Unidos, no dia 09 de abril, com a presença da presidente Dilma Rousseff.
Participaram do encontro colegas do CDES, acadêmicos, pesquisadores e empresários brasileiros e americanos, que discutiram a possibilidade de ampliar a cooperação entre Brasil e EUA nas áreas de educação e negócios.
Ambos os países já estão compartilhando conhecimento, pesquisa científica e inovação. A intenção, segundo a presidente Dilma Rousseff, é de cooperação bilateral, especialmente em setores como biocombustíveis, petróleo e gás.
Durante o evento, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que o Brasil sabe o quanto é importante uma nação investir na educação de seu povo e que o nosso país já pode ver os resultados - referindo-se ao programa brasileiro Ciência sem Fronteiras, apresentado pelo ministro Fernando Pimentel no mesmo encontro.
Cerca de 555 bolsitas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),do Ministério da Educação, selecionados pelo Ciência sem Fronteiras, estudam em universidades americanas.
Outros mil seguirão para os EUA no segundo semestre - ao todo, o Brasil quer fazer com que 100 mil brasileiros façam mestrado e doutorado nas 50 melhores universidades do mundo.
Em contrapartida, o nosso país também deve receber um grande número de cientistas e pesquisadores americanos, além de ter interesse em atrair investimento estrangeiro para os eventos esportivos que sediará em 2014 e 2016, entre outros.
A presidente Dilma participou do evento em um momento em que o nosso país passa por uma transformação de imagem no exterior.
Quem já viajou para fora sabe do que estou falando. Antes éramos vistos como o país do Carnaval, do futebol, da floresta amazônica.
Mas há um senso comum hoje de que somos uma potência econômica mundial em desenvolvimento. Até a política externa dos EUA passou por uma transformação na forma de dialogar, inclusive, com os demais países da América Latina - passamos a ser vistos como parceiros.
É claro que o maior interesse dos EUA é ampliar o contato comercial para auxiliar o desenvolvimento de sua economia.
Portanto, não é de se admirar que, de uma hora para outra, eles tenham decidido retomar o diálogo com o Brasil, principalmente em um momento em que as economias desenvolvidas estão passando por um momento difícil.
O nosso país, em contrapartida, quer aproveitar o que os americanos têm de melhor na educação.
Embora seja pouco divulgado, o Brasil, assim como a China, Índia e Coreia do Sul, vem sendo apontado como uma potência científica, formando mais de 12 mil doutores por ano.
Ainda há desafios a serem enfrentados, como valorizar o mérito e a excelência científica. A própria iniciativa privada ainda investe muito pouco neste tipo de pesquisa, ao contrário do que acontece em outros países.
Quem sabe agora, com este acordo de cooperação, as coisas comecem a mudar por aqui.
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Cláudio Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
Fonte: Brasil Econômico - 25/4/2012