Ricardo Galuppo - Publisher do Brasil Econômico
Com uma única declaração, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, deu ontem em Brasília três informações que podem ajudar a desatar os nós que mantém o Brasil preso ao atraso.
Segundo ele, o banco oficial de fomento investirá pesado no plano de concessões de portos e aeroportos - que o governo deve anunciar nos próximos dias. A primeira boa notícia contida nessa informação é a de que esse plano, que já deveria ter sido anunciado há algum tempo, finalmente está perto de sair.
A segunda é que, nele, a iniciativa privada terá papel de destaque (do contrário, não teria sentido falar em concessões). Finalmente, Coutinho diz que haverá recursos para os vencedores dos leilões colocar seus planos de pé.
Isso quer dizer que a sociedade brasileira arcará com os custos da modernização dos aeroportos e dos portos por meio de recursos colocados à disposição do banco público.
Mas quer dizer também que o dinheiro investido voltará assim que as concessionárias quitarem os empréstimos. Dito assim, isso é de uma obviedade desconcertante. Acontece que, no Brasil, existe muita gente que discorda dessa lógica.
As pessoas que são contrárias às concessões (nome pelo qual o atual governo prefere chamar a privatização de serviços públicos importantes) acham melhor ver o governo enterrar recursos públicos num porto ou num aeroporto administrado por alguma agência estatal ineficiente do que ver os serviços nas mãos de um operador privado. Essa é a verdade.
Há 20 anos, quando o governo deu início à redução da presença estatal na economia, o Brasil vivia uma realidade muito parecida com a dos países comunistas.
Praticamente não havia setor da economia em que não houvesse uma empresa oficial. O governo era dono de siderúrgicas, hotéis, fábrica de aviões, oficina de motores de aviões, mineradoras, frota de navios, usinas elétricas, e até da frota de gaiolas que subiam e desciam o Rio São Francisco.
Isso sem falar das estatais estaduais que incluíam na lista uma fábrica de helicópteros em Minas Gerais, quase toda a malha rodoviária de São Paulo, uma companhia de aviação (a Vasp) e mais um monte de empresas.
A onda de privatizações que começou no início dos anos 1990 foi boa para o Estado e para as próprias empresas - que se tornaram mais leves, eficientes e competitivas.
Esse é o ponto central. A privatização em massa foi, com toda certeza, um dos programas que ajudaram a melhorar a economia brasileira.
Mesmo assim, volta e meia aparece alguém para criticar o modelo e, pior do que isso, afirmar que bom era o tempo em que o Estado punha as mãos em tudo. A privatização dos portos e dos aeroportos é fundamental para o Brasil se livrar do atraso. Tomara que venha logo.
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Ricardo Galuppo é publisher do Brasil Econômico
Fonte: Brasil Econômico - 26/10/2012