22 de janeiro de 2013

Os novos empreendedores

Mara Sampaio - Psicóloga e especialista em cultura empreendedora

Nos últimos dez anos mais de 30 milhões de brasileiros saíram das classes D e E para as classes C, B e A. Esta ascensão econômica provocou uma mudança no mercado consumidor.

Os empreendedores que identificaram a oportunidades de negócios para atender a esta nova demanda estão sendo bem-sucedidos. Por consequência, este fenômeno provocou uma melhora na empregabilidade e aumentou a busca por mão de obra. Novas oportunidades de negócio e trabalho.

O acesso ao mercado de trabalho e a melhoria nas condições de vida proporcionam às pessoas a oportunidade de se conhecer e descobrir suas habilidades e talentos. É importante aproveitar as condições favoráveis da conjuntura atual para investir na educação e profissionalização dessas pessoas.

Com a autoestima elevada e melhor qualificação, estes trabalhadores rapidamente passam a desejar "trabalhar por conta", isto é, a ser dono de seu próprio negócio.

Dinah (Avanete Campos) é dona de um salão de cabeleireiro nos jardins, um bairro nobre em São Paulo. Após um casamento desfeito em Mata Verde (MG) veio para a capital paulista tentar a sorte, deixando seus cinco filhos com os pais.

Conseguiu um emprego de manicure graças à sua habilidade num salão próximo à Avenida Paulista. Nos primeiros anos estruturou a sua vida em Arthur Nogueira - SP e pôde trazer os filhos para viver com ela.

Dinah, nesta época não imaginava que pudesse empreender, o seu desejo maior era poder abrir uma conta no banco que ficava próximo ao seu emprego e trabalhar para comprar uma casa para criar os seus filhos com segurança.

A mudança de vida para se tornar empreendedora ocorreu depois de nove anos trabalhando no mesmo salão. Uma cliente, Zuleika, a estimulou a abrir o seu próprio salão.

A Zuleika foi um "anjo" para Dinah, valorizava a sua competência técnica e a ajudou a ter consciência das suas características empreendedoras como persistência, coragem e rede de relacionamento.

Elas foram fundamentais para abrir um negócio. Zuleika também foi a sua orientadora, auxiliou na procura de um local, a ler contratos e se organizar como empresária.

Trabalhando sozinha no salão Dinah pôde realizar o seu sonho: comprou uma casa, educou todos os filhos num bom colégio e é cliente especial do banco que sempre admirava.

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae no final de 2012 identificou que 55% dos empreendedores brasileiros estão na Classe C. A pesquisa aponta que os empresários, na sua maioria, não possuem funcionários, trabalham sozinhos e que 54% dos empreendedores que iniciam um negócio ganham até três salários mínimos por mês.

Para a entidade, isso mostra que o empreendedorismo é fator de inclusão social no Brasil.

Hoje aos 52 anos, Dinah, além do seu negócio em São Paulo, construiu um segundo salão em Itapira (SP) para as suas irmãs serem independentes financeiramente e um terceiro em Arthur Nogueira para duas das suas filhas que também seguiram a profissão de cabeleireira.

A quem cabe fazer o papel de "anjo" e proteger as escolhas empreendedoras destas pessoas?

Esta responsabilidade é das instituições governamentais e entidades ligadas ao setor produtivo que devem apoiar e orientar este novo contingente de trabalhadores e empreendedores para evitar a mortalidade precoce das novas empresas e promover a autonomia socioeconômica destes cidadãos.

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Mara Sampaio é Psicóloga e especialista em cultura empreendedora

Fonte: Brasil Econômico - 22/1/2013

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