21 de setembro de 2012

O povo quer saber é de saúde, educação, limpeza e segurança de qualidade

As eleições se aproximam e a cada dia que passa percebe-se o erro cometido por quem quis transformar o pleito municipal em mais um lance da disputa entre PT e PSDB que polarizou o país nos cinco últimos pleitos presidenciais.

O eleitor, no caso de uma disputa municipal, se interessa cada vez menos pela filiação partidária do candidato. O que ele quer é alguém que apresente soluções viáveis para os problemas de transporte, de acesso aos serviços de saúde, educação, limpeza e segurança em sua cidade.

Isso, ao contrário de consequência do atraso político de um país de partidos fracos, interesseiros e sem consistência ideológica, pode ser considerado um sinal da evolução de um eleitor cada vez mais exigente - que percebe com clareza a relação entre seu voto e a qualidade do serviço público municipal nos próximos quatro anos.

O candidato que conseguir se apresentar como o mais qualificado para cuidar dos serviços essenciais será beneficiado com mais votos. E mais: a cada dia que passa, fica mais claro que a noção do eleitor sobre o responsável por esse serviço (o prefeito, o governador ou o presidente da República) é cada vez mais clara.

Dias atrás, numa reunião em Belo Horizonte, alguém recordava uma brincadeira com a qual o ex-secretário dos Transportes do então governador Aécio Neves, o ex-deputado Agostinho Patrus, costumava abrir as reuniões das quais participava.

Ele sempre dizia que tinha vontade de espalhar pelas rodovias federais que cortam o estado placas que informassem quem merecia ser ofendido pelos buracos naquele trecho. "Não xingue o secretário, xingue o ministro!", diriam as placas.

Quem sofre os efeitos dos solavancos numa estrada esburacada não quer saber se a culpa é do ministro ou do secretário. O que ele quer é estrada boa. Mas talvez não rejeite o secretário se souber que a responsabilide é do outro.

Essa é a questão. Ao investir com apetite em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, por exemplo, o governo federal corre o risco de chamar para si a responsabilidade por problemas pelos quais não mereceria ser responsabilizado. Isso sem considerar o desgaste político de apoiar de forma ostensiva candidatos que provavelmente perderão nas urnas.

Nem todo o apoio dado pelo Planalto (e, também, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) deve levar os candidatos do PT à vitória nessas cidades. Mas, ainda que haja uma mudança de ventos e as vitórias aconteçam, o governo corre o risco de sair perdendo.

O apoio dado pela presidente Dilma Rousseff a Fernando Haddad, em São Paulo, Patrus Ananias, em Belo Horizonte, e Nelson Pelegrino, em Salvador, faz dela avalista dessas possíveis administrações. E a pergunta é: o que ela ganhará com isso? A resposta é genérica, mas clara: ganhará muito pouco na comparação com o que pode perder.

Ricardo Galuppo é publisher do Brasil Econômico

Fonte: Brasil Econômico / 21/9/2012

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