A Tribuna, 22/9/2012, sábado, página A-3, Local
# Estiagem provoca baixa pressão, dificultando rotina de moradores
DA REDAÇÃO
Por um fio. Não se trata apenas da prática constante da paciência. Virtude que o aposentado Ricardo Ferreira Filho e seus vizinhos aprenderam à força, a desenvolver nos últimos 30 dias. O exercício diário é na espera de pressão para a água sair das torneiras de suas residências na Ponta da Praia. E boas novas só virão com o aumento da incidência de chuvas.
De acordo com a Sabesp, a falta de água no bairro se deu pela baixa produção nos mananciais. Cenário que que só será revertido, segundo a empresa, assim que a estiagem chegar ao fim.
A inconsistente goteira na pia da cozinha não indica problemas sérios no encanamento. Tampouco é alguma medida para economizar o líquido. Ação que o aposentado teria prazer em adotar, não fosse um detalhe: a pouca força com que a água chega às torneiras.
"Quando ligamos a máquina de lavar roupas, a caixa d'água, que levou o dia todo para encher, esvazia. E olha que somos apenas três pessoas na casa". Outro problema é na hora do banho. "Tem que ser rápido, se não (a água) acaba antes da gente se banhar".
Ferreira Filho explica que, nos últimos 30 dias, foram raras as oacsiões em que o líquido chegou em abundância nos registros da Avenida Fernando Costa. "Desistimos de lavar o quintal. A lavadora de alta pressão foi aposentada, pois não para usar". Até mesmo a limpeza no interior da residência passou por mudanças. "Tem que ser rápido, ou a água acaba".
Para encher o reservatório, a água deveria vir com fluxo suficiente até a altura da cisterna, a 10 metros do solo. "Porém, não há força nem para as torneiras no quintal de casa", completa. "Se fosse só aqui, entenderia ser algo único. Mas o problema é geral".
Inúmeras queixas foram protocoladas na prestadora do serviço. Segundo o aposentado, em cada ocasião recebe informação de um problema diferente. "Já disseram que a rede passava por reparo, outra vez que era feita manutenção em canos. Os prazos dados (para o restabelecimento) nunca são cumpridos".
O fino fio de líquido escorrendo das torneiras mudou a rotina da dona de casa Ana Luiza Florença. Horários de banho e de limpezas em geral dependem de ter água nos canos. "De tanto se queixar à Sabesp, hoje (ontem) nem me deram um número de protocolo".
Se não bastasse a escassez, a qualidade do líquido também é duvidosa. "Quando vem água, está sempre escura e suja", resume o proprietário de uma mecânica, Cláudio Henrique Pepe. As torneiras secas prejudicam seu trabalho. "Mas nem perco mais meu tempo (em ligar para a Sabesp). Nada melhora mesmo".
SEM CHUVAS
Segundo o gerente regional do Departamento de Produção de Água e Tratamento de Esgoto da Sabesp, Wilson Bassotti Filho, a baixa pressão é fruto da falta de chuvas. "Tivemos o inverno mais seco dos últimos 15 anos".
Com os mananciais vazios, a produção de água atingiu níveis mínimos, provocando picos de reduzida vazão nos dutos da companhia.
A baixa produção, somada à rede antiga do local, é responsável pela pouca pressão do líquido e também por sua aparência. Bassotti Filho indica outro fato: as elevadas temperaturas da última semana.
O gerente regional salienta ainda a necessidade de adoção de medidas para o uso racional da água e aconselha a instalação de reservatório compatível com a residência.