Escrito por Rejane Tamoto
O crescimento das operações de microcrédito produtivo orientado dependerá do investimento dos bancos públicos na capacitação e ampliação de agentes de crédito – que organizam as finanças do pequeno empreendedor durante todo o contrato e o orientam a usar bem o recurso.
O microcrédito ao microempreendedor cresceu 52% no ano passado, acima dos 43% de 2010, segundo dados do Banco Central (BC). As aplicações totais foram de R$ 1,6 bilhão em dezembro de 2011, contra R$ 1,08 bilhão em igual mês de 2010. Com o objetivo de estimular essa linha nos bancos públicos federais, o governo lançou o programa Crescer, que estabeleceu as regras do microcrédito produtivo orientado, no ano passado: taxa de juros de 0,64% ao mês e de 1% para abertura de crédito, voltado apenas a empreendedores que faturam até R$ 120 mil ao ano.
Em setembro, o Banco do Brasil (BB) e a Caixa começaram a oferecer o microcrédito produtivo. "No ano passado, atendemos 36 mil microempreendedores e emprestamos R$ 145 milhões, o que superou as expectativas", afirmou o diretor da área de micro e pequena empresa do BB, Adilson do Nascimento Anisio. Ele diz que a linha ainda passa por ajustes. "Hoje temos 26 mil funcionários treinados para atender o cliente do microcrédito produtivo. Estudamos fazer uma parceria com uma instituição para aumentar a capacitação e a orientação ao cliente", disse.
Segundo o superintendente nacional dos programas sociais da Caixa, Ivan Domingues das Neves, desde o lançamento da linha até o último dia 27, a Caixa emprestou mais de R$ 70 milhões e firmou 10 mil contratos. O banco informou que a meta é terminar 2012 com uma carteira de 100 mil clientes e R$ 345 milhões em empréstimos. Até o final de 2012, a Caixa vai capacitar 2,5 mil jovens de comunidades carentes para trabalharem como agentes de crédito. "Hoje temos mil jovens trabalhando", disse Neves.
No banco Santander, a carteira de microcrédito produtivo orientado cresceu 49% no ano passado em relação a 2010, com uma taxa de pagamento em dia de 96%.
Boa parte desse resultado pode ser atribuído aos agentes de crédito. Em dez anos, o banco já investiu R$ 1,3 bilhão em microcrédito produtivo orientado e beneficiou 250 mil empreendedores. "O diferencial do agente de crédito é que ele faz um Levantamento Sócio-Econômico (LSE), uma planilha dos gastos do empreendedor para emprestar apenas o necessário. Ele ensina o empreendedor a organizar a vida financeira e a guardar o valor para o pagamento da parcela do empréstimo", disse o superintendente do Santander Microcrédito, Jerônimo Rafael Ramos.
O Banco do Povo Paulista (BPP), vinculado ao governo do Estado, concede microcrédito produtivo desde 1998, e já beneficiou mais de 248 mil empreendedores. Como 90% do recurso utilizado nos empréstimos vêm do Tesouro do Estado, a taxa de juros é menor do que a do Crescer, de 0,5% ao mês. Segundo o diretor-executivo do BPP, Antônio Mendonça, atualmente trabalham 700 agentes de crédito. "Antes de tomar o crédito, o microempreendedor é convidado a fazer um curso sobre gestão", disse. Segundo Mendonça, as operações cresceram 70% no primeiro bimestre deste ano em relação a igual período de 2011. "Isto se deve à ampliação do limite de crédito que passou de R$ 7,5 mil para R$ 15 mil. Outra diferença é que beneficiamos empresas que estão no Simples e faturam até R$ 360 mil ao ano", afirmou.
Fonte: Diário do Comércio - 28/3/2012