# Banco Mundial examina em detalhes desempenho das exportações do Brasil nos últimos 15 anos, constata que País está diante de abismo competitivo e sugere soluções
iG São Paulo
Relatório publicado esta semana pelo Banco Mundial afirma que o Brasil está diante de um abismo competitivo, afetando a relação comercial do País. No material, elaborado pelos economistas Otaviano Canuto, Matheus Cavallari e José Guilherme Reis, são examinados em detalhes o desempenho das exportações nos últimos 15 anos, com foco não apenas no crescimento e composição, mas também em dimensões diferentes de desempenho, incluindo a diversificação da pauta de comércio externo.
O documento destaca o fato amplamente conhecido de que a economia brasileira está enfrentando desafios de competitividade consideráveis. Na avaliação dos economistas, após vários anos de forte expansão, a recente desaceleração parece estar relacionada com as dificuldades do lado da oferta, decorrente de uma gama de ineficiências e custos crescentes, em vez da demanda agregada insuficiente. Tais ineficiências e custos elevados têm mostrado sinais de agravamento nos últimos anos.
“Apesar de uma moeda mais forte poder ser apontado como um dos elementos por trás da menor competitividade das exportações brasileiras, o desempenho lento da produtividade e uma tendência de alta dos salários reais explicam uma parte significativa da perda global de competitividade”, aponta o documento publicado pelo Banco Mundial.
A instituição destaca ainda que o resultado das exportações brasileiras em termos de sofisticação sugeriu um claro declínio na participação de produtos com maior conteúdo tecnológico. Produtos primários ganham peso significativo durante o período analisado. “A queda da participação de produtos de alta tecnologia reflete o seu mau desempenho absoluto, e não apenas o sucesso de commodities relacionadas com exportações.”
O diagnóstico reforça a importância, segundo o Banco Mundial, de retomar a agenda de reformas microeconômicas, ampliar o investimento como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), além da necessidade de promover avanços no sentido de melhorar a qualificação dos trabalhadores.
No ano passado, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 19,4 bilhões, o menor resultado dos últimos dez anos. Esse desempenho foi fortemente impactado pela diminuição das exportações, mesmo com a valorização do dólar, o que em tese colabora para tornar o produto brasileiro mais barato e mais acessível aos mercados externos.
Mas as dificuldades estruturais para escoar grande parte da produção até os canais de exportação, como os portos, acabam gerando altos custos que impactam diretamente no preço final dos bens brasileiros que são destinados à exportação.
Outro problema é a concentração das exportações em poucos produtos como as commodities agrícolas e minerais que têm menor valor agregado e servem como matéria-prima para o setor industrial em outros países.
Fonte: iG - 10/1/2013