Ricardo Galuppo - Publisher do Brasil Econômico
A GE é uma corporação reconhecida ao redor do mundo pela excelência de sua gestão e pelos critérios rígidos com que escolhe seus campos de atuação. A empresa, nos últimos anos, tem direcionado seus investimentos para áreas de alta tecnologia e se posicionado como produtora de energia da forma mais limpa e sustentável possível.
Uma empresa como essa pensa duas vezes antes de desembarcar num novo negócio.
Pois bem... ontem foi anunciado que a GE acaba de se associar ao empresário Eike Batista em acordo estratégico, em que a companhia americana terá participação acionária no império de Eike.
Juntas, a GE e a EBX também produzirão equipamentos para mineração e exploração de petróleo. A linha de montagem desses produtos será instalada no Superporto de Açu, o complexo industrial que está sendo erguido do norte fluminense e que deverá contar com estaleiro, siderúrgica, montadora de carros e mais um monte de empreendimentos.
Descrito dessa maneira, o negócio parece um devaneio megalomaníaco. Visto de perto, ganha todo sentido.
O valor do investimento da GE no projeto de Eike é de US$ 300 milhões. É uma montanha de dinheiro, sem dúvida. Mas parece uma quantia modesta diante dos US$ 8 bilhões que as empresas "X" têm para investir.
Os números, assim como a descrição do projeto, parecem exagerados. Mas ganham novamente sentido quando confrontados com a realidade.
Os navios e plataformas que, no futuro, sairão dos estaleiros de Eike no Porto de Açu serão produzidos com o aço fabricado na siderúrgica de Eike e, do porto de Eike, zarparão para recolher o petróleo dos poços explorados por Eike com equipamentos fabricados por Eike.
É lógico que, em cada um desses negócios, ele tem parceiros estratégicos que, além do conhecimento de sua área de atuação, entram com parte do dinheiro necessário para pôr o negócio em movimento.
Essa é uma lógica empresarial com a qual os brasileiros nem sempre estão habituados e, talvez por isso, os negócios de Eike nem sempre são vistos com o respeito que merecem.
Eike tem ideias e foi buscar os recursos para investir. Talvez o que ele não tenha de sobra é tempo para convencer o mercado de que suas iniciativas fazem sentido.
Quanto mais cedo ele conseguir fechar o círculo da integração, mais fácil mostrará para os críticos o que uma empresa como a GE já enxergou. Eike é, acima de tudo, um empreendedor.
Um empreendedor que, a partir de uma visão original de negócios, está ousando seguir o caminho do qual muitos empresários no Brasil prefenrem manter distância: o caminho do risco.
Num país de juros exorbitantes, ele buscou no exterior parceiros para se arriscar com ele em projetos que, no início, pareciam apenas ideias de maluco. Na verdade, na verdade, não eram nada disso.
Os projetos de Eike Batista são extremamente simples. E logo ficarão de pé como o ovo de Colombo.
----------------------------------------------------------
Ricardo Galuppo é Publisher do Brasil Econômico
Fonte: Brasil Econômico - 25/5/2012