12 de abril de 2012

Mais diversidade pode melhorar o desempenho

Luciano Martins Costa - Coordenador do curso de Gestão de Mídias Digitais da GV-PEC

Um dos tópicos mais recorrentes nas comunicações sobre sustentabilidade se refere à questão da diversidade.

O modelo biológico segundo o qual quanto mais complexo, mais rico o ecossistema, costuma ser extrapolado para todo tipo de objeto que se pretende analisar.

Assim, o exemplo acaba sendo aplicado em praticamente tudo, desde a cultura corporativa até a composição do board da empresa ou do conjunto de seus funcionários.

Em muitos países, como o Brasil, há regras oficiais que impõem a diversidade étnica e cotas de gênero e estimulam a contratação de indivíduos que por uma ou outra razão devam ser considerados representantes de minorias.

Há bastante controvérsia sobre esse tipo de regulação, embora muitos gestores tenham observado, na prática, que o campo social que seus integrantes compõem forma um conjunto mais harmonioso quando retrata a sociedade onde a organização está imersa.

No entanto, muito dessa percepção se fundamenta claramente no desejo de que uma orientação politicamente correta seja também adequada do ponto de vista do desempenho.

Certamente existem casos em que um ambiente homogêneo faz mais sentido, ou circunstâncias em que certas características físicas ou comportamentais se tornam mandatárias sobre o critério da diversidade.

Por essa razão, sempre haverá de chamar atenção qualquer estudo que consolide as convicções ditadas por valores edificantes.

É o caso da pesquisa da McKinsey&Company segundo a qual as empresas que adotam a diversidade como um dos critérios para a composição de suas cúpulas diretivas apresentaram melhores resultados, em observações feitas entre 2008 e 2010.

Estamos falando aqui da constatação de que companhias cujos executivos principais são mais variados em termos de vivências e bases culturais têm mais possibilidade de ampliar suas perspectivas estratégicas.

A comprovação foi feita em organizações da França, Alemanha, Inglaterra e EUA, considerando a inclusão de mulheres, estrangeiros e pessoas mais idosas nos cargos diretivos de maior responsabilidade.

Em alguns casos, comparadas a empresas similares com menor diversidade em seus quadros diretivos, observou-se que aquelas mais heterogêneas chegaram a apresentar resultados concretos - como o retorno sobre investimento - superiores em 53% na média.

O estudo integra uma série de análises que acompanham certas tendências, como a maior presença de mulheres nos cargos mais elevados.

Se é verdade que - como se diz - inovação em gestão não vem das disciplinas típicas da administração, mas do conjunto de conhecimentos sobre a natureza humana, estudos como esse ajudam a reforçar os argumentos de executivos que ainda encontram resistência a suas ideias transformadoras nas organizações.

Sob a perspectiva de uma estratégia condizente com o que se convenciona como a complexidade do ambiente de negócios, inovação e sustentabilidade são conceitos complementares.

Uma composição homogênea sempre induz a acreditar em menos divergências e melhor organização.

A heterogeneidade, como valor emprestado da biologia, sempre vai exigir maior disposição para eventuais conflitos de opinião ou orientação. Mas certamente um ambiente diversificado será mais rico também em soluções.

----------------------------------------------------------

Luciano Martins Costa é coordenador do curso Gestão de Mídias Digitais da GV-PEC

Fonte: Brasil Econômico - 12/4/2012

Compartilhe

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.