02 de julho de 2012

Inovação é requisito para a sustentabilidade

Tanto em países de economia emergente quanto nos mais pobres, a distância entre riqueza e pobreza é significativa. Enquanto no Brasil o registro é de 20 pobres para cada rico, no Japão e em nações escandinavas essa proporção é de 5 para 1. Um dos principais motivos?

Modelos de educação muito aquém dos oferecidos em nações desenvolvidas, formando cidadãos que toleram governos sem preparo para exercer o poder, corporativistas e com planejamentos equivocados.

Cada país, com o seu universo de recursos, pode ser mais produtivo em determinados setores, e assim, canalizar os investimentos nessas áreas para a criação de divisas mais representativas.

É bom considerar que, em ambientes de competitividade máxima, sempre haverá espaço para ações inovadoras, que gerem desenvolvimento e mercados expressivos.

São nítidas as assimetrias entre sistemas de gestão, balanço de riquezas e graus de competitividade entre as diversas economias. Mas ao tratar o tema sustentabilidade, essas divergências devem ser colocadas de lado.

Nessa comparação, é totalmente irrelevante, por exemplo, se um país tem uma matriz energética que contribui menos para a geração de gases de efeito estufa.

Natural de Xangai e professor da Universidade de Colorado, o físico Albert Allen Bartlett se especializou em aritmética aplicada ao crescimento populacional e consumo de energia.

Para ele, a questão central está na decisão dos países em investir de forma determinada em energia limpa e renovável e no controle populacional. Não é complicado compreender que, cada vez que a população dobra o volume de recursos para atender às necessidades de energia, supera tudo o que já foi consumido historicamente.

Mantidas as taxas de crescimento da economia da década anterior à crise financeira, teríamos que triplicar as novas descobertas de petróleo para manter o nível de reserva de 64 anos, vigente em 2008.

O antídoto tem sido a redução do crescimento provocada pela crise econômica, o aumento de preços e a menor taxa de natalidade (equação simples: mais nascimentos significa acelerar o esgotamento de energias não renováveis).

Os professores Stuart L. Hart e C.K. Prahalad foram precursores, há cerca de dez anos, dos primeiros estudos que demonstram, de maneira inequívoca, a eficácia em conciliar necessidades não atendidas na base da pirâmide ao uso apropriado de recursos naturais renováveis. A medida gera uma solução "ganha-ganha", que propicia trabalho e renda.

Os estudos foram, por assim dizer, o despertar das organizações para essa nova classe de consumidores de baixa renda, até então submetidos ao subconsumo.
Temos a necessidade de encontrar soluções e decisões exatas.

Até lá, é prudente não desperdiçar os recursos naturais, nem tampouco gastá-los na geração de bens e serviços dos quais não somos competitivos. Submeter o país ao consumo de produtos caros é uma das formas mais contundentes de remar contra a maré da sustentabilidade.

Adolfo Menezes Melito é presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio SP

Fonte: Brasil Econômico / 2/7/2012

Compartilhe

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.