Balanço da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) aponta queda do nível de processamento da soja durante este ano. Com 19,6 milhões de toneladas esmagadas entre fevereiro e agosto, o acumulado do ano está no mais baixo patamar desde 2007.
Em agosto, em relação ao mesmo período de 2012, o nível de processamento caiu 13,1%, para 2,6 milhões de toneladas.
A menor produção de óleo de soja está ligada ao volume recorde de exportação do grão (28,9 milhões de toneladas no acumulado do ano), segundo o gerente de Economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.
"A previsão é de que, até o fim deste ano, o volume de processamento se normalizará", afirma o especialista. A associação estima processamento de 35,3 milhões de toneladas de soja na safra de 2012/2013, ante 37,2 milhões de toneladas na temporada anterior.
Operações interestaduais
Problemas de ordem tributária e logística impedem ou dificultam o transporte da soja produzida no centro-oeste para esmagamento em outras regiões do País - o que é de interesse das agroindústrias durante o planejamento das operações -, de acordo com Furlan.
"Há muita dificuldade logística para processar o grão. Ainda está distante uma infraestrutura que suporte o atual crescimento da safra brasileira", observa o economista, destacando o déficit de ferrovias entre os motivos dessa carência em transportes da produção agrícola do País.
Outra dificuldade levantada pelo especialista da Abiove é a cobrança dupla de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações interestaduais.
"Quando uma empresa destina soja a outro estado, precisa pagar ICMS antecipadamente à unidade federativa de origem. O crédito é irrecuperável - entra como custo", explica Furlan.
"Se se cobrasse o ICMS apenas no destino, o complexo de soja seria beneficiado. Seria superpositivo para as empresas, principalmente na fase de planejamento", acrescenta.
O economista destaca que, no modelo tributário atual, em relação à soja, é mais fácil exportá-la - quando não processá-la localmente. "Quando o Mato Grosso autoriza exportação direta, não paga ICMS. Mas para mandar o grão a São Paulo, tem que pagar", observa.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria / 27/9/2012