22 de outubro de 2012

Governo questiona serviço da Vivo de venda de dados de clientes

# Programa, que deve ser lançado em novembro, permitirá a venda de informações sobre a localização de clientes

CÉLIA FROUFE, EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Única operadora de telefonia móvel que escapou da suspensão das vendas feita pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em julho, a Telefônica/Vivo recebeu ontem notificação do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça.

Conforme nota divulgada pelo órgão, a empresa deverá prestar esclarecimentos, em até dez dias, sobre um novo serviço que pretende comercializar dados sobre o comportamento de clientes da operadora.

O plano da Vivo seria lançar esse sistema em novembro. Por meio desse serviço, a companhia pretende possibilitar a coleta, utilização e comercialização de informações sobre a localização dos usuários de sua rede de telefonia em determinados dias e horários.

Grandes redes de comércio, por exemplo, poderão comprar dados que mostrem em quais horários os clientes da Vivo mais circulam pela Avenida Paulista ou por um determinado endereço onde está um supermercado.

O Brasil, se a Anatel permitir, será um dos primeiros países em que a operadora irá testar o aplicativo chamado de "Smart Steps" - em português, passos inteligentes. O aplicativo deverá ser usado em outras operadoras de telefonia controladas pela Telefônica (grupo espanhol dono da Vivo). Na Espanha, por exemplo, o lançamento do produto deve ocorrer logo após o início da operação por aqui.

O serviço de dados sobre clientes da empresa chegou a ser chamado de "Pequeno Big Brother" por parte da imprensa especializada europeia.

Liberdade. O Departamento de Proteção do Consumidor quer saber se os consumidores terão como escolher participar ou não da iniciativa. Além disso, o Ministério da Justiça está preocupado com a segurança das informações a respeito dos usuários.

"A proteção da privacidade dos consumidores é um tema prioritário da Secretaria Nacional do Consumidor", afirma o diretor do DPDC, Amaury Oliva.

Em nota, a Vivo informou que vai fornecer "todas as informações no prazo solicitado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor" e que o serviço vai "utilizar apenas informações prévia e expressamente autorizadas pelos clientes". Segundo a empresa, essas autorizações começarão a ser colhidas dos clientes até o final do ano.

Fonte: O Estado de S. Paulo - 19/10/2012

Compartilhe

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.