Mara Sampaio - Psicóloga e especialista em cultura empreendedora
O tema empreendedorismo foi o mais presente nas palestras e atividades da 6.ª Campus Party Brasil - evento de inovação tecnológica, internet e entretenimento em rede - que terminou na semana passada em São Paulo.
A diversão e descontração entre os participantes é uma marca do evento, mas uma mudança de atitude que vem se consolidando ano a ano entre os campuseiros (como são identificados os participantes) é a vontade de empreender.
A presença no evento, além de encontrar pessoas que estão envolvidas com os mesmos interesses em tecnologia e redes sociais, não é mais o único interesse.
Eles também estão dispostos a encontrar parceiros e apoiadores para que suas ideias se transformem em negócios digitais.
Quem sabe o próximo Steve Jobs pode ser um brasileiro ou uma brasileira? Na maratona tecnológica que acontece no evento tem sido cada vez maior a presença de mulheres entre os milhares de participantes.
Quais negócios têm maiores chance de serem bem-sucedidos? Dificilmente um especialista responderia esta pergunta sem ponderar diversas variáveis, que vão de recursos financeiros, capacidade técnica até a sorte da pessoa envolvida.
No entanto pode-se observar a crescente motivação entre os jovens criadores de aplicativos e jogos em aliar a tecnologia à afetitividade, principalmente àqueles que proporcionam diversão e possam emocionar o usuário.
O mundo estressado e rápido que dominou a vida cotidiana no final do século passado gerou como consequência a busca pelo bem-estar pessoal e a valorização das relações afetivas. As novas gerações desejam uma vida mais harmoniosa, onde a leveza e o humor estejam presentes.
Esta tendência esteve presente nas ideias de programadores da Campus Party e podem ser uma oportunidade para desenvolvimento de projetos lucrativos. O humor exige criatividade, irreverência e inteligência.
Estes atributos estão presentes nos jovens atualmente que desejam transformar suas ideias em negócios. Ideias de games interativos para serem jogados dentro de banheiro masculino, aplicativo para interação entre torcida e jogadores, simuladores de dança, e muitas outras propostas para divertir as pessoas surgiram.
O necessário para estes jovens se tornarem empreendedores é desenvolver a visão de negócio e descobrir um nicho de clientes para seu produto.
A emoção positiva e o humor são uma forte tendência de mercado. Têm sido utilizados como ferramenta para atrair e engajar pessoas em torno de causas sociais.
Ações de empreendedorismo social criam formas divertidas para mudanças de atitudes como, por exemplo, a campanha de redução de uso de água da ONG SOS Mata Atlântica - "Faça xixi no banho". A ideia é direcionar o humor para as pessoas que se quer atingir para contribuir na solução e não expondo as mazelas daquelas que se pretende ajudar.
Além disso, o humor também pode proporcionar maior leveza no ambiente de trabalho, empresas onde as pessoas trabalham alegres e descontraídas tendem a ser mais produtivas e lucrativas.
O ambiente empresarial é cheio de desafios, pressões e dificuldades, aprender a enfrentá-los com bom humor pode ser o diferencial entre seus concorrentes.
O humor promove um clima favorável entre colaboradores e atrai clientes. Fazer alguém rir é bom para os negócios.
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Mara Sampaio é psicóloga e especialista em cultura empreendedora
Fonte: Brasil Econômico - 5/2/2013