Escrito por Reuters
A presidente Dilma Rousseff confirmou nesta quinta-feira, em Nova Délhi, onde participa da reunião de líderes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que pretende anunciar novas medidas de estímulo econômico logo após regressar ao País – o retorno está previsto para domingo. A presidente admitiu que, no futuro, será "possível encaminhar uma reforma tributária global".
"Essas medidas têm por objetivo justamente assegurar através de questões tributárias e financeiras maior capacidade de investimento para o setor privado", afirmou a presidente na capital da Índia.
Dilma disse que compreende as pressões pela redução da carga de impostos. "Dentro do meu período governamental, eu farei o possível para reduzi-la. Eu sei, perfeitamente, que devido ao fato de que há vários interesses envolvidos na questão de uma reforma tributária, eu até julgo que pode ter um momento no futuro que seja possível encaminhar uma reforma global", disse.
"Agora, o que eu tenho feito é tomado medidas pontuais, que permitam que no conjunto se crie uma desoneração maior dos tributos no País", acrescentou.
Nos últimos meses, o País tem adotado isenções fiscais e outras medidas para estimular sua economia, que cresceu apenas 2,7% em 2011. Para este ano, a meta da presidente é que o País atinja pelo menos 4% de crescimento.
Casas – A presidente Dilma também reafirmou ontem que o Brasil planeja investir mais recursos no programa "Minha Casa, Minha Vida", em mais um esforço para impulsionar o investimento público e estimular a economia.
O governo fixou uma meta de construir 2 milhões de casas até 2014, o que poderia ser elevado para 2,4 milhões depois de uma "avaliação" em junho, disse a presidente.
"O que nós temos de fazer é aumentar o investimento tanto do governo como do setor privado", disse Dilma, acrescentando que o governo fará um esforço "excepcional" no programa.
Injustiças – Na reunião do grupo de emergentes Brics, a presidente Dilma acusou os países desenvolvidos de prejudicarem outros com políticas monetárias injustas.
A política monetária do mundo rico "traz vantagens comerciais enormes para os países desenvolvidos, e resulta em obstáculos injustos para os outros países", disse Dilma, que ontem reuniu-se com os presidentes da Rússia, Dmitry Medvedev, da China, Hu Jintao, e da África do Sul, Jacob Zuma, e com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.
O Brasil acusa países ricos de provocarem um "tsunami monetário" ao adotar políticas expansionistas, como taxas de juros baixas e programas de compra de títulos.
As políticas têm o objetivo de estimular as economias da Europa e dos Estados Unidos, mas também provocaram uma onda de liquidez global que afetou mercados emergentes como o Brasil, fortalecendo suas moedas e tornando suas economias menos competitivas no exterior.
Em comunicado conjunto ontem, os países que formam o Brics também pressionaram por mais direitos de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Esse processo dinâmico de reforma é necessário para garantir a legitimidade e a efetividade do Fundo", afirmaram os países após o primeiro dia de reunião. "Realçamos que o esforço contínuo para elevar a capacidade de empréstimo do FMI só terá sucesso se houver confiança de que todos os membros da instituição estão verdadeiramente comprometidos em implementar fielmente a Reforma de 2010."
As mudanças prometidas nos direitos de voto no FMI ainda não foram ratificadas pelos Estados Unidos, ampliando a frustração em relação às reformas do G7 e do Conselho de Segurança da ONU, onde Índia e Brasil pleiteiam há anos assentos permanentes. "É crítico que economias avançadas adotem políticas macroeconômicas e financeiras responsáveis, evitando a criação de uma liquidez excessiva global, e adotem reformas estruturais para impulsionar o crescimento que crie empregos", disseram eles no comunicado conjunto.
Fonte: Diário do Comércio / Reuters - 29/3/2012