07 de dezembro de 2011

Construção verde

Cláudio Conz - Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)

Na semana passada, fiquei sabendo de um estudo da Global Industry Analysts, Inc sobre o consumo de materiais de construção sustentáveis. De acordo com a pesquisa, em 2015 o mercado de materiais para construção verde deve movimentar US$ 406 bilhões.

Isto porque as práticas verdes estão crescendo, bem como a pressão para se minimizar o consumo de energia e conter as emissões de CO2, o que impulsiona o uso de produtos ecologicamente corretos na construção de edifícios comerciais e residenciais.

Os países da Europa já estão bastante adiantados neste sentido. No mês passado, estive na Batimat Paris, maior feira da construção do mundo, na qual a eficiência energética na construção foi um dos principais temas, com diversas soluções em novas tecnologias e produtos.

Nos Estados Unidos, esta consciência também vem crescendo. No Brasil, estamos começando a caminhar embora não tenhamos números que revelem esta demanda.

Reaproveitamento de material demolido, medidores individuais de água, uso de energia solar, isolamento térmico de paredes, uso de bacias sanitárias economizadoras de água: estes são alguns dos pontos relevantes para a construção verde.

Nós da Anamaco, apoiamos um projeto de uso racional da água. No Brasil, os quase 50 milhões de imóveis existentes desperdiçam cerca de 575 milhões de m³ de água por mês em descargas sanitárias.

Levantamento realizado pela Anamaco indica que o país precisa trocar cerca de 100 milhões de bacias sanitárias. São produtos antigos que gastam cinco vezes mais água que os atuais.

Numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 vezes ao dia. Se em cada descarga gastamos 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros e mensal 14,4 mil litros.

Com a substituição por produtos sustentáveis que utilizam seis litros por descarga, o consumo é de 2.880 litros/mês. A economia é de 11.520 litros/mês ou redução de 80% no consumo.

As bacias são apenas um exemplo dos materiais amigos do meio ambiente. Muitos dos materiais de construção sustentáveis são provenientes de madeiras reflorestadas, madeiras de reúso, ou do reaproveitamento de plásticos, garrafas pet, vidros reciclados e pneus.

Pisos que usam material reciclado em sua composição (polipropileno proveniente do plástico descartado) já estão sendo fabricados. Estes materiais reduzem a demanda por matéria-prima virgem e diminuem o descarte de resíduos industriais no meio ambiente.

Outros materiais possuem tecnologia de ponta, como é o caso da nanotecnologia, que hoje está tornando possível o desenvolvimento, por exemplo, de tintas com isolamento térmico para áreas externas como paredes e telhados que recebem muita radiação.

Estes produtos podem reduzir a temperatura dos ambientes em até 30%, reduzindo o uso de climatizadores e aparelhos de ar condicionado.

Este é um tema que tem sido muito discutido no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), entidade da qual faço parte.

Estas e outras novidades estão mudando a maneira de construir e de morar. Neste contexto, o Brasil seguirá a tendência mundial, implementando cada vez mais soluções amigas do planeta.

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Claudio Conz é Presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)

Fonte: Brasil Econômico - 7/12/2011

 

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