# Torna-se cada vez mais frequente mudar de lado do balcão: de trabalhador a proprietário
CRIS OLIVETTE, OPORTUNIDADES
“Nunca pensei em ser outra coisa, desde pequeno sabia que teria um negócio próprio”, afirma Sergio Pintor, franqueado do Centro Brasileiro de Cursos Profissionalizantes (Cebrac), criado em 1995 pelo empresário Wilson Roberto Giustino.
Pintor foi o primeiro professor de informática do Cebrac e nessa época morava em Ourinhos, onde cursava a faculdade de análise de sistemas. Assim que se formou, abriu uma unidade da escola em Cascavel (PR), onde mora sua família. Agora, após 17 anos, ele e alguns sócios comandam mais de 20 unidades de norte a sul do País.
Assim como Pintor, Jefferson Vendrametto entrou no Cebrac em 1995 para dar aula de contabilidade. “Três anos depois surgiu a possibilidade de montar uma unidade em Botucatu, minha cidade natal.” Hoje, Vendrametto possui quatro unidades e desde 2004 é sócio da empresa, ocupando o cargo de diretor de planejamento da rede.
Pintor e Vendrametto são exemplos de funcionários de franquias que mudaram de vida e se tornaram franqueados bem sucedidos. Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising Cristina Franco, iniciativas desse tipo são vantajosas, porque o profissional já tem profundo conhecimento da operação e saberá fazer o negócio dar certo. “Acho que a falta de capital é o único impedimento para que mais casos como esses ocorram.”
No entanto, para os candidatos ao empreendedorismo que trabalham na rede Sodiê Doces, fundada em 1997 por Cleusa da Silva, a falta de capital não é empecilho. Segundo Cleusa, quando um bom funcionário deseja empreender e não tem recursos, ela monta a loja e ele paga o investimento com o retorno do próprio trabalho.
A empresária informa que a marca possui pelo menos sete casos de funcionários que se tornaram franqueados e que alguns já possuem mais de uma loja. “Acho muito bom e tem dado um ótimo resultado porque eles têm grande conhecimento do negócio e já estão treinados”, avalia.
“Antes de trabalhar na Sodiê, fui jardineiro, garçom e ajudante numa auto elétrica”, conta Anderson Bezerra, que aos 21 anos é franqueado da marca há três. “Lá aprendi a fazer massa, confeitar e atender o público.”
Bezerra diz que sempre quis empreender e que Cleusa o ajudou muito, facilitando condições de pagamento e dando muito incentivo. Hoje, sua unidade conta com seis funcionários e ele faz planos de expandir os negócios.
Já o executivo de expansão da rede espanhola Não+Pêlo, Vitor Sales se tornou um franqueado da marca seis meses depois de entrar na empresa.
“Montei uma unidade em Santana (na zona norte), porque a operação do negócio é simples e o investimento é relativamente baixo, além disso, pude manter meu emprego na rede.”
O master franqueado da Não+Pêlo no estado de São Paulo, Vinicius Ramos, informa que outra funcionária está seguindo o mesmo caminho. “A Luciana Pauli começou como secretária, passou para a área de apoio à expansão e agora está reformando um ponto comercial para iniciar as atividades como franqueada.”
A recém-empresária Juliana Castro começou a trabalhar como recepcionista na rede de consultórios dentários Sorridents quando tinha 17 anos. Depois, passou pela área financeira e auditoria. Hoje, 14 anos depois, Juliana comemora sua sociedade numa unidade instalada no Itaim Paulista, na zona leste, há três meses.
“A experiência está sendo maravilhosa. Achei uma ótima oportunidade porque já conheço todo o processo, apesar de não ser dentista, ainda”, diz a franqueada, que agora pretende estudar odontologia.
Depois de trabalhar 15 anos na franqueadora Amor aos Pedaços como gerente de franquias, Eva Lafer virou franqueada há seis anos. Na loja instalada na Avenida Cidade Jardim, em São Paulo, ela lidera uma equipe de oito funcionários. Como empresária, Eva diz que precisou aprender a lidar com situações novas. “Nessa inversão de papel, tive de aprender a me organizar para conviver com a sazonalidade de um negócio próprio, antes eu sabia o quanto iria ganhar e quando, mas ao mesmo tempo tenho maior liberdade de atuação.”
Fonte: O Estado de S. Paulo - 23/7/2012