21 de novembro de 2012

Caixa Econômica Federal reserva R$ 100 bi para crédito

Ana Paula Ribeiro (aribeiro@brasileconomico.com.br)
  
# Valor se somará aos R$ 196,8 bilhões, total já desembolsado pelo banco neste ano até setembro.

A Caixa Econômica Federal se prepara para conceder até R$ 100 bilhões em crédito nos últimos três meses do ano - foram R$ 196,8 bilhões entre janeiro e setembro.

Com esse volume de liberações, a instituição acredita que será possível manter o crescimento do total de empréstimos acima de 42% em 2012, chegando ao final do ano com um estoque de R$ 355 bilhões.

O crescimento pode parecer pretensioso quando se olha a expansão do crédito no sistema financeiro brasileiro - em torno de 15% no ano -, mas a instituição pública passou o ano todo nessa toada.

Em setembro, a carteira de empréstimos do banco chegou a R$ 324,5 bilhões, uma expansão de 42,9% em 12 meses. Essa expansão bem acima da concorrência contribuiu para o lucro de R$ 1,350 bilhão no terceiro trimestre, aumento de 4,6% em relação a igual período de 2011, e um resultado entre janeiro e setembro de R$ 4,197 bilhões (alta de 17,7%).

Na avaliação do vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcio Percival, esse desempenho está relacionado diretamente ao lançamento, em abril, do programa Caixa Melhor Crédito, que reduziu as taxas de juros mirando o aumento das operações e da base de clientes.

De acordo com o executivo, até o início do programa a abertura de contas de pessoas físicas era em média de 205 mil por mês. Agora, está em 250 mil. Entre pessoas jurídicas, subiu de 27 mil para 40 mil novas contas mensais. "Todo eixo do nosso resultado se apoia no programa Caixa Melhor Crédito e na expansão da nossa base de clientes. Nossa tese é exitosa", defende Percival.

A Caixa tem conseguido manter o ritmo de expansão do crédito acima da média do mercado desde o acirramento da crise financeira em 2008. Ao final daquele ano, sua fatia de participação no crédito no Brasil era de 6,5%.

Em setembro último, chegou a 14,5% e o objetivo é alcançar ao menos 15% até dezembro. "E vamos buscar mais no ano que vem. Vai ser difícil, mas as oportunidades estão presentes", avalia o vice-presidente.

Embora o clima seja de otimismo, internamente o banco trabalha para melhorar a sua eficiência, necessidade crescente em um cenário de redução dos juros e dos spreads (diferença entre o custo de captação do banco e a taxa efetivamente cobrada dos clientes).

O vice-presidente de Controle e Risco, Raphael Rezende Neto, afirma que um novo trabalho de consultoria foi iniciado em outubro para revisar, entre outras coisas, processos internos e identificar novas oportunidades de receitas. A expectativa é que alguns resultados desse trabalho apareçam já nesse ano, mas que uma mudança mais consistente só será vista nos resultados de 2013.

A eficiência é uma relação entre despesas e receitas de um banco e, quanto menor, melhor. Na Caixa, esse indicador vem piorando. Em setembro, chegou a 59,6%, ante 57,1% no segundo trimestre do ano e 56,9% no terceiro trimestre de 2011.

Basileia

O índice de Basileia da Caixa terminou o terceiro trimestre em 12,6%. Esse indicador serve para mostrar a capacidade da expansão do crédito em uma instituição financeira e, pelas normas do Banco Central, deve ser equivalente a ao menos 11% do patrimônio de referencia de um banco.

Embora superior ao mínimo, a Basileia da Caixa é a menor entre as grandes instituições no Brasil. Rezende explica, no entanto, que isso não é um problema.

O último reforço que a Caixa recebeu foi em setembro, quando fez uma operação com o Tesouro Nacional que garantiu R$ 13 bilhões, mas R$ 10 bilhões ainda não podem ser considerados como capital. Isso irá acontecer à medida que o banco tenha folga em seu balanço para isso.

"Essa discussão sobre capital está sempre na mesa com o controlador. Mas nossa rentabilidade é de 27%, o que é muito boa. Para a União a capitalização no banco é um bom investimento", defende.

Fonte: Brasil Econômico - 21/11/2012

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