Jorge Felix, com Klinger Portella
Poder Econômico
O pessimismo de alguns analistas sobre a economia brasileira é totalmente oposto ao otimismo de quem está lá fora vendendo o Brasil.
Soou estranho aos ouvidos de executivos financeiros no exterior a afirmação do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre um suposto fim da “euforia com o Brasil”. Não é isso que eles estão presenciando mundo afora.
E mesmo aqui. Dilma Rousseff e o governo paulista acabam de receber um sinal claro disso da Espanha. Mas não é só lá.
Quem está no front da guerra por investimentos garante que ainda é grande a tal da “euforia com o Brasil” nos Estados Unidos e na Inglaterra. A estabilidade política, o tamanho de nossa economia e, sobretudo, uma diferença abissal do governo brasileiro com os de seus vizinhos latinos explicam a preferência dos investidores.
A aposta é alta de que há chance zero de se repetir aqui decisões econômicas alopradas, como estatizações. Um executivo cita como prova a presença do capital estrangeiro na recente onda de fusões e aquisições.
Gente forte no mundo – “por exemplo, com 100 bilhões de euros na Suíça para investir” – acaba de dobrar sua exposição ao Brasil – o que antes dificilmente chegava a 5% da carteira, agora bate em 10% ou mais.
A questão é que nos últimos anos um trabalho competente de promoção do Brasil foi feito lá fora. Seja por organismos públicos ou bancos privados e pela BM&F/Bovespa. E o país comprovou com fatos. Hoje colhe os resultados do que foi vendido no passado. Os investidores adquiriram confiança nos promotores brasileiros que, desde o Plano Real, passando pela eleição de Lula, em 2002, trabalharam com muito mais transparência do que os da China, Rússia e países da América Latina e do Leste Europeu.
De Londres, um graduado executivo financeiro fez a fez a seguinte análise para o Poder Econômico:
- O desafio do Brasil é ampliar. Nosso mercado de capitais não pode ser apenas Petrobras, Vale, tem que atrair mais players. Mas a grande prova para o país será daqui a cinco anos, quando a Europa estará em recuperação e a concorrência aumentar. Neste momento, o Brasil terá que se descolar dos Brics. Até lá há, sim, um entusiasmo, uma euforia com o Brasil, mas uma euforia responsável. Nossa reputação nunca esteve tão boa, apesar de dados de um crescimento mais baixo em 2012.
Fonte: iG - 5/6/2012