15 de maio de 2012

As coisas bacanas da vida

Marcelo Nakagawa - Coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper

O que você faz que torna a sua vida bacana? Sua lista pode ser enorme, ainda mais se abrir os livros sobre coisas para fazer, lugares para conhecer e experiências para vivenciar antes de morrer.

Minha lista inclui conhecer pessoas e suas histórias, em especial, as de empreendedores que querem melhorar o mundo. Há centenas, milhares e talvez milhões dessas histórias.

O impacto desses empreendedores está presente em cada segundo de nossas vidas, mas nem percebemos.

Mas se pensar um pouco lembrará de produtos e serviços que tornam a nossa vida melhor e foram vislumbradas por empreendedores.

De todas as histórias, tem uma de um sujeito iluminado que criou uma aceleradora de negócios.

Talvez não entenda bem o conceito de aceleradora, mas isto está muito na moda no Brasil e nas principais cidades do mundo.

A ideia é simples: identificar boas ideias de negócio e oferecer todas as condições para acelerar o desenvolvimento, levando-as ao mercado no menor tempo possível.

Se der certo, ótimo. A ideia recebe mais investimento para uma nova fase de rápida expansão. Se der errado, tudo bem. Todos os envolvidos sabem que criar novos negócios envolve riscos.

O início da trajetória empreendedora deste sujeito iluminado até parece novela mexicana. Vindo do interior, sem dinheiro, dormiu na rua em sua primeira noite na capital.

No dia seguinte, foi a um escritório de um conhecido que tinha uma corretora de valores que lhe deu dinheiro para que se alimentasse, um emprego e ainda permitiu que dormisse na empresa, enquanto não achasse um lugar para ficar.

Pouco tempo depois, uma das máquinas que transmitia dados dos pregões quebrou e os clientes da corretora ficaram enfurecidos. O iluminado conseguiu não só consertar a máquina como a melhorou.

Isto deu tão certo, que pouco tempo depois a empresa foi comprada pelo concorrente interessado na inovação.

Meu principal negócio consiste em dar valor comercial às ideias brilhantes dos outros que ainda não foram bem implementadas - dizia.

Com isto em mente, criou uma empresa com seu antigo chefe e aos 29 anos já era um empreendedor de sucesso no mercado de telecomunicações. Era adorado pela mídia e conhecido por todos os capitalistas de risco do país.

Foi neste momento que veio a ideia de criar um espaço para acelerar o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Era conhecido e poderia atrair as melhores mentes, recursos de investidores e interessados pelas suas criações.

E assim foi. Candidatos de todas as partes do mundo faziam fila para entrar na aceleradora do sujeito. Queriam entrar para a história ao lado do sujeito iluminado. Investidores e até seus antigos empregadores estavam dispostos a investir nos projetos.

E a aceleradora tinha a meta de desenvolver uma pequena inovação a cada 10 dias e uma grande a cada 6 meses. E inovação tinha que ser vendida.

Só criamos coisas que possam ser vendidas. A venda é a prova da utilidade e a utilidade é o sucesso da inovação - dizia. E não é que deu certo?

Os resultados da aceleradora de Menlo Park estão presentes em cada segundo de nossas vidas. De lá saíram inovações como a lâmpada, telefones, tocadores de música e sistemas de infraestrutura elétrica.

Não à toa, seu criador, Thomas Alva Edison foi um empreendedor iluminado. Menos pelo seu impacto como empreendedor e mais pela forma como empreendia: Eu nunca tive um único de trabalho em minha vida. Foi só divertimento. E isto é muito bacana!

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Marcelo Nakagawa é professor e coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper

Fonte: Brasil Econômico - 15/5/2012

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