26 de setembro de 2012

A Pnad e a bolha imobiliária

Cláudio Conz - Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)

No último final de semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) divulgou os dados da Pnad 2011 - Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, um estudo anual que objetiva a obtenção de características demográficas e socioeconômicas da população, como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, e características dos domicílios.

Além disso, a pesquisa apura, com periodicidade variável, informações sobre migração, fecundidade, nupcialidade, entre outras, tendo como unidade de coleta os domicílios, dados que são sempre utilizados para nossas análises no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES).
Para o segmento da habitação, a Pnad 2011 mostrou-se bastante reveladora.

Por exemplo, os estados com maior número de pessoas morando em apartamento - Distrito Federal (23%), Rio de Janeiro (18%) e São Paulo (12%), são também os que têm os habitantes que passaram mais anos na escola (9,21; 8,10 e 8,36 anos respectivamente).

Ao mesmo tempo, os estados com maior número de pessoas morando em casas - no Piauí e em Tocantins apenas 1% das pessoas moram em apartamentos - , nota-se o menor índice de escolaridade (nestes estados, as pessoas passaram, em média, apenas cinco anos e meio estudando).

Vemos nestes exemplos uma relação direta entre o progresso e a educação.

Outros pontos também chamam bastante a atenção.

A média de pessoas morando nas habitações caiu de 3,3 pessoas para 3,2. A proporção de casas com quatro ou mais moradores caiu em 533 mil unidades.

Talvez este número tenha sido influenciado pelo aumento do número de brasileiros que moram sozinhos. São 7,8 milhões, 800 mil a mais que em 2009. As residências com até três moradores atingiu 3,3 milhões; passou de 59,6% para 62,3%.

Em 2011, os lares brasileiros eram ocupados por duas a quatro pessoas. Essa é a conformação de 70% das casas.

Outro dado interessante foi a revelação de que três em cada quatro domicílios eram próprios em 2011. Havia 45,8 milhões de casas, dos quais 70,1% já estavam quitados e 4,7% em aquisição.Em 2009, o índice de casas próprias era de 73,6%.

O mercado imobiliário é definido pela lei da oferta e da procura. Em tempos de crescimento econômico e aumento do crédito por meio do incentivo de financiamentos, este mercado desregula, pois a demanda acaba sendo bem maior que a procura e os preços sobem.

Assim, as pessoas passam a considerar os imóveis como um excelente investimento para revenda e aluguel. Então boa parte dos empreendimentos novos são reservados para investimento e não para moradia.

Como muitos investidores querem comprar, temos a falsa sensação de que faltam imóveis no mercado, o que puxa os preços ainda mais para cima. Esta é a chamada bolha imobiliária, que em momentos de crise ou insegurança em relação ao mercado imobiliário, ela estoura.

Foi isso que aconteceu nos Estados Unidos e, muita gente afirma que pode acontecer aqui no Brasil também.

Se vemos que mais de 75% dos domicílios brasileiros eram próprios em 2011,verificamos que os imóveis adquiridos foram para moradia e não para investimento, o que derruba a tão comentada teoria da bolha imobiliária no Brasil.

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Cláudio Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)

Fonte: Brasil Econômico - 26/9/2012

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