Fernando de La Riva - Diretor-Executivo da Concrete Solutions
A maior referência que temos sobre negócios digitais está no Vale do Silício, onde são criados os principais sucessos. Foi lá que surgiu a metodologia Lean Startup para desenvolver startups digitais, que agora está sendo aplicada também em grandes corporações.
Estamos falando de Lean Innovation, uma generalização do conceito de Lean Startup para criação de novos produtos e modelos de negócios digitais em empresas pequenas, médias ou grandes.
O conceito de Lean Startup parte do princípio de que o objetivo de uma startup é validar um modelo de negócios, e não executá-lo com eficiência. Ou seja, o negócio deve ser tratado como um conjunto de hipóteses que precisam ser validadas ou abandonadas rapidamente.
No contexto digital, a prática une métodos ágeis, desenvolvimento de cliente (ou Customer Development) e alguns conceitos de manufatura lean, como lotes pequenos.
Para desenvolvimento de produto, os métodos ágeis são os mais usados mundialmente, e sua adoção está aumentando no Brasil. Com eles, os projetos não têm escopo rígido e cada etapa é construída de forma evolutiva, com cliente e fornecedor atuando conjuntamente.
Entretanto, eles devem ser acompanhados por "customer development", para não só executar de maneira certa, mas, principalmente, a coisa certa. Isso implica avaliar cada uma das hipóteses por meio de experimentos até validar todo o modelo de negócios.
Resumimos estes ciclos na expressão "construa, meça e aprenda", a espinha dorsal do processo.
A mesma visão pode ser aplicada para inovação em grandes companhias. Novos projetos têm características similares a uma startup e, por isso, é interessante que as iniciativas sejam desenvolvidas empiricamente, assim como prega a Lean Startup.
Entretanto, há algumas diferenças entre a aplicação em startups e em corporações, e a primeira delas está ligada à estrutura organizacional. Enquanto a startup é formada inicialmente apenas por sócios, empresas maiores têm uma hierarquia já preestabelecida.
Por isso, a implantação de Lean Innovation deve começar por determinadas áreas, normalmente ligadas à inovação, produto ou tecnologia.
O orçamento destinado ao projeto também deve ter tratamento diferente. Startups não foram feitas para gerar retorno financeiro no início, mas maximizá-lo no futuro, e projetos inovadores também não deveriam.
A Lean Innovation diz que o investimento deve ser feito de acordo com patamares de aprendizado. Para isso, é necessário um comitê de investimento, formado por pessoas de diversas áreas que, juntas, geram apoio e alocam recursos de forma progressiva. Ou seja, se a iniciativa atingir os objetivos de aprendizado, recebe mais investimento.
Por fim, para adotar Lean Innovation a grande empresa não pode se restringir aos padrões de processos e ferramentas. O que vale para a parte madura pode não ser adequado para iniciativas inovadoras. Novos meios surgem todos os dias e é preciso estar atualizado para se manter competitivo.
Ferramentas como open source e cloud computing, por exemplo, eliminam a necessidade de altos investimentos, tornando-os despesas variáveis. A junção de tudo isso constitui a melhor forma de desenvolver um negócio ou projeto digital atualmente, que pode não garantir o pleno sucesso, mas aumenta consideravelmente a chance de êxito.
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Fernando de la Riva é Diretor-Executivo da Concrete Solutions
Fonte: Brasil Econômico - 15/2/2013