26 de dezembro de 2011

A inspiração é o cliente

Adolfo Menezes Melito - Presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio

Como as micro e pequenas empresas se inspiram para vencer em um cenário adverso com baixa qualidade de educação, infraestrutura precária, burocracia exorbitante, altos custos de serviços, peso fiscal e alto custo financeiro?

Em primeiro lugar e antes de entrar no coro interminável das empresas que recitam diariamente as suas dificuldades, é bom lembrar que esse pano de fundo atua desfavoravelmente para todas as empresas e muito pouco pode ser feito pelo empresário para mudá-lo.

Assim, não percam tempo com esse lugar comum. A grande maioria das empresas bem sucedidas brasileiras, que escalaram rapidamente patamares de crescimento e desenvolvimento, viram oportunidades que não haviam ainda sido percebidas. E o mar de oportunidades é imenso.

Oferecer produtos melhores e mais adequados pode ser uma grande inspiração. O Brasil é um país de contrastes. Apesar de sermos uma economia muito distante do primeiro mundo, valorizamos tudo o que vem de fora e pagamos mais caro por isso.

Nos Estados Unidos, uma família pobre é aquela com casal e dois filhos com rendimento anual de US$ 24 mil ou R$ 800 per capita por mês. No Brasil, o per capita de uma família pobre é de R$ 80 por mês, ou seja, 10% da renda dos norte-americanos.

Acredito que essa informação não seja assim tão reveladora. O que é revelador é que no Brasil a família brasileira paga, invariavelmente, mais do que a correspondente norte-americana por tudo o que consome.

Assim, observar o mercado e perceber as inquietações reveladas ou não reveladas de clientes é o segredo para estruturar uma boa oferta e começar um grande negócio. E as regras do jogo são relativamente simples e fáceis: ética, paixão pelo cliente, foco, disciplina e profunda atenção com a escolha de talentos.

O inglês Luke Johnson, que mostrou-se bem sucedido em vários negócios e hoje lidera o fundo de investimento Risk Capital Partners, escreveu recentemente "Start it up", no qual estimula novos empreendedores contando o porque tocar o seu próprio negócio pode ser mais fácil do que você imagina.

Destaco três das 10 dicas deixadas pelo Luke: escolha um negócio que você conhece e goste, escreva um plano e dedique-se de maneira determinada a sua execução. No cenário brasileiro de grandes desafios para as micro e pequenas empresas, uma quarta dica que faz todo o sentido é encontrar um sócio que o apóie e que, preferivelmente, agregue outros conhecimentos e talentos complementares aos seus.

Uma forma eficaz de enfrentar os desafios que certamente virão em ritmo crescente é criar uma relação de troca de informações e experiências com empresários de outros negócios. Isso sempre funciona.

Tenho acompanhado muitas experiências felizes - o que o empresário bem sucedido mais quer é compartilhar seus erros e acertos e saber que está colaborando com o sucesso de outras empresas.

Nesse mundo de mudanças constantes e conexões, quanto maior o conhecimento obtido de outros negócios, clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros entre outros, maior será a possibilidade de "criar e inovar" no seu próprio negócio, afinal a maioria das inovações são obrigatoriamente geradas da associação de ideias e opiniões. Seja um bom ouvinte.

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Adolfo Menezes Melito é presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio

Fonte: Brasil Econômico - 26/12/2011

 

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