Marcelo Mariaca - Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School
Não ter patrão, ser dono da própria rotina de trabalho e embolsar os lucros é o sonho de muitas pessoas que pode tornar-se pesadelo caso o candidato a empresário não tenha o perfil certo para ser empreendedor.
Profissionais bem-sucedidos que estão em processo de transição de carreira, buscando novas oportunidades, muitas vezes são seduzidos pela tentação de montar um negócio com os recursos da indenização e do FGTS.
Essa ideia passa pela cabeça de pelo menos 20% dos profissionais. Cabe aos consultores de carreira orientá-los, avaliando suas qualidades e identificando quais possuem o perfil para ter seu próprio negócio.
Nem todo mundo tem vocação para ser empresário, o que exige muita disciplina, capacidade de planejamento e organização, obstinação, paciência, coragem para correr riscos, disposição para aprender e humildade para reconhecer logo os erros e tentar corrigi-los.
Alguns se iludem com a possibilidade de ter sucesso no curto prazo, enriquecer rapidamente e viver de renda.
Pequenos e médios empresários estreantes têm inúmeras dificuldades para se estabelecer nos primeiros anos de vida da empresa. Sofrem por não conhecer direito o setor, por não saber lidar com clientes ou por não dominar aspectos financeiros básicos para gerir seu caixa.
Por isso, ser dono do próprio negócio requer aprendizado, trabalho e muita disposição para enfrentar dificuldades e novidades na carreira.
Segundo o Sebrae, nos últimos dez anos, 73 de cada 100 empresas abertas fecharam no primeiro ano de vida. Porém, existem aqueles que acertam a mão e veem o negócio prosperar. As micro e pequenas empresas representam 20% do PIB brasileiro, ou seja, existe mercado para elas.
Quem quer se aventurar num ramo que não conhece muito bem deve buscar a consultoria de especialistas, em vez de adotar a velha prática da tentativa e erro. Além disso, deve procurar conhecer todos os aspectos do negócio, recorrendo a livros e cursos.
O bom empreendedor é aquele que adora desafios, tem ótima capacidade de planejamento e execução e habilidades práticas bem específicas, como facilidade para gerenciar pessoas e recursos e talento para negociação. E, principalmente, ter visão de futuro.
O modelo de negócio é a primeira decisão estratégica para o candidato se aventurar no mundo do empreendedorismo. Há várias opções, como montar uma startup ou assumir uma franquia, comprar uma empresa estabelecida ou ser consultor.
É preciso determinar quanto do patrimônio se pode, ou se quer investir; como o negócio pode interferir nos planos familiares. A partir daí, o caminho a seguir fica mais claro.
Se o profissional não tem essas características, é melhor que abra mão do sonho de empreender e tente buscar nova oportunidade no mercado corporativo. As empresas de outplacement podem orientá-lo nessa fase, apresentando todas as opções para o executivo em transição de carreira.
O profissional muitas vezes está há bastante tempo em uma empresa ou segmento e não conhece as oportunidades que o mercado oferece.
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Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School
Fonte: Brasil Econômico - 21/1/2013