Na segunda-feira dia 28/10/15, a comitiva do Santos Export iniciou sua visita ao Porto de Los Angeles, sendo recebida na sede da Autoridade Portuária, pelo diretor de Desenvolvimento Comercial, Jim MacLellan, pela presidente do Conselho de Administração da Autoridade Portuária, a embaixadora Vilma Martinez, e pelo especialista em comércio internacional do prefeito de LA, Eric Garcetti, Felipe Cuznir.
Na sequência, houve a apresentação do presidente da Codesp, Angelino Caputo, sobre o desenvolvimento do Porto de Santos. A exposição foi seguida por palestras do vice-diretor executivo de desenvolvimento do Porto, Tony Gioiello, que tratou dos projetos de infraestrutura do complexo marítimo, e do chefe-executivo de sustentabilidade do complexo, Chris Cannon, que destacou a necessidade de os portos se preocuparem com as atuais mudanças climáticas e seu papel nesse processo, buscando reduzir os impactos de suas operações no meio ambiente. Tais ações não resultam apenas na melhora da qualidade de vida da comunidade ao seu redor. Elas acabam sendo um “bom negócio” para os complexos marítimos, argumentou.
“As mudanças climáticas geram a maior crise que os portos enfrentam no mundo hoje e temos de encarar esse desafio. Não há mais tempo para adiarmos ou jogarmos essa responsabilidade para as próximas gerações. Ações têm de ser feitas agora. Isso é importante para a comunidade, para o mundo e também é bom para os negócios. Ser green (verde, em inglês) é muito bom”, afirmou Cannon.
Em sua palestra, o executivo destacou a importância dos portos reduzirem o impacto de suas atividades no meio ambiente. Em Los Angeles, devido à geografia da área, os poluentes e material particulado, emitidos por navios, caminhões, rebocadores e guindastes não se dispersam com facilidade, ficando concentrados na atmosfera sobre a região metropolitana. Nos anos 90 e no início do século, isso levou a um aumento de problemas de saúde para a população.
“Tínhamos um problema social e ambiental. O maior dano à camada de ozônio nos Estados Unidos está sobre Los Angeles. Algo precisava ser feito e o fizemos”, disse Chris Cannon.
A saída foi a criação do Clean Air Action Plan (CAAP ou, em uma tradução livre do inglês, Plano de Ação do Ar Limpo). O programa, lançado em 2006 e atualizado em 2010, buscou reduzir a dependência do porto dos combustíveis fósseis. Para isso, incentivou a modernização da frota de caminhões, o uso de energias alternativas e o desenvolvimento de novas tecnologias, entre outras estratégias.
As linhas de ação adotadas pela Autoridade Portuária foram discutidas com terminais e prestadores de serviço locais e incentivos foram criados para impulsionar a adoção dessas medidas. Para o caso da renovação da frota de caminhões, por exemplo, foram criadas linhas de financiamento para a substituição dos veículos por modelos com menor emissão de poluentes. E uma taxa passou a ser cobrada sobre o transporte de cargas feito com caminhões antigos. “Como as empresas não queriam pagar essa taxa, passaram a mudar sua frota”, explicou o executivo.
Outra medida foi o programa de isenção tarifária para os navios. A Autoridade Portuária reduziu o valor das tarifas portuárias para os que emitissem uma menor quantidade de poluentes. Tal ação foi acompanhada por normas, que obrigam a redução da velocidade das embarcações quando elas se aproximam da região portuária (a ideia é que, menos velozes, elas consumam menos combustível e, portanto, emitam menos poluição). E ainda foi ampliada a oferta de instalações elétricas no cais, de modo que os cargueiros possam desligar seus motores (operados a diesel), enquanto estiverem atracados, consumindo a eletricidade oferecida pelo porto.
A estratégia também envolveu investimentos em infraestrutura. A via expressa ferroviária que liga a malha férrea da zona portuária de Los Angeles e Long Beach (o complexo vizinho) à rede nacional, denominada Alameda Corridor, agiliza a chegada e a retirada de cargas do cais, o que acabou facilitando as operações e, consequentemente, diminuindo a emissão de poluentes. “Antigamente, quando o trem passava, os carros eram obrigados a parar. Mas, seus motores ficavam ligados, emitindo poluentes. Com a via expressa, o trem segue seu caminho e os carros e caminhões também, não ficam parados. A operação ficou melhor e reduzimos a poluição”, explicou Cannon.
O impacto do Alameda Corridor é apenas uma das provas de que, como afirma o executivo-chefe de sustentabilidade, “ser green é bom para os negócios”. “Com as inovações adotadas, conseguimos melhorar nossa eficiência, melhoramos nosso planejamento energético, reduzimos nossa dependência dos combustíveis fósseis e, ainda, diminuímos nossa poluição”, afirmou.
Segundo os dados apresentados por Cannon, o Clean Air Action Plan atingiu as metas propostas. Entre 2005 e 2013, a emissão de material particulado na região de Los Angeles caiu cerca de 80%, a de nitratos, 57%, e a de compostos de enxofre, 90%. No mesmo período, o movimento de contêineres – o principal tipo de operação do complexo marítimo – cresceu 5%.
“Nossos parceiros entenderam a importância dessas ações. Temos uma responsabilidade com nossa comunidade. E, hoje, o mercado exige que as empresas adotem soluções sustentáveis. Essa é a nova realidade do mercado e estamos prontos para ela. Os demais portos do mundo devem fazer o mesmo e agora”, disse Chis Cannon.
Depois, a comitiva do Santos Export acompanhou apresentações do diretor de Desenvolvimento Comercial, Jim MacLellan, e de representantes da Associação Comercial e Industrial do Porto. À tarde, o grupo visitou a região portuária e conheceu o Intermodal Container Transfer Facility (Instalação Intermodal de Transferência de Contêineres, na tradução do inglês), unidade que facilita o transporte de cargas entre a região do cais e a retroportuária.
Curiosidade: atualmente, o porto de Los Angeles é o principal dos Estados Unidos, se destacando principalmente na movimentação de contêineres. No ano passado, passaram por seus terminais 8,34 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Na comparação com outros complexos marítimos do mundo, é o 19º nesse tipo de operação, segundo levantamento da publicação especializada norte-americana Journal of Commerce (JOC), Em 2014, Santos somou 3,68 milhões de TEU, ficando em 38º lugar.
Esta é a segunda vez que o Santos Export – Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos - organiza uma visita técnica aos portos de Los Angeles e Long Beach. A primeira foi em agosto de 2006. O retorno aos dois principais complexos marítimos dos Estados Unidos permitirá aos participantes conhecer como essas zonas portuárias se desenvolveram nos últimos noves anos e, ainda, as soluções adotadas para garantir o crescimento de suas operações.
Long Beach
Na terça-feira dia 29/10/15, a comitiva do Santos Export iniciou sua visita ao Porto de Long Beach. O primeiro compromisso foi no Terminal de Contêineres de Long Beach (LBCT, na sigla em inglês). A instalação, semi-automatizada, será inaugurada no próximo ano. Na sequência, foram visitadas as demais áreas do complexo portuário norte-americano.
Em seguida, o grupo seguiu para a sede da Autoridade Portuária de Long Beach, onde foi recebido pelo executivo-sênior da Cadeia de Suprimentos do Porto de Long Beach, Michael Christensen, que apresentou os projetos de infraestrutura do complexo marítimo. O dirigente destacou principalmente como estão os preparativos para a operação dos ultra large container ships, que vão chegar nos próximos anos. Para isso, foram adotados novos procedimentos logísticos, teve início uma série de obras na região do cais e buscou-se adotar novas tecnologias.
“Esses navios descarregam contêineres muito rápido, em uma velocidade maior do que a prevista para os terminais portuários quando foram projetados. Então, percebemos que teremos muita carga que terá de sair rápido do porto e temos de fazer isso sem impactos na região. Tivemos de repensar nossa logística”, afirmou o executivo-sênior.
Na sequência, houve apresentações sobre os programas de meio ambiente do complexo e a operação da Alameda Corridor, uma via ferroviária subterrânea de mais de 30 quilômetros de extensão, que atravessa a área urbana de Los Angeles, ligando a zona portuária aos pátios ferroviários. Ela entrou em operação no início do século e, hoje, movimenta 42 composições ferroviárias (cada uma com uma extensão, variando de três a quatro quilômetros) por dia.
Além das reuniões na sede da autoridade portuária e da visita ao novo Long Beach Container Terminal, o grupo do Santos Export ainda foi recebido por técnicos da consultoria Aecom, em seus escritórios na cidade. A empresa, uma das principais nesse mercado, se destaca por seus projetos de infraestrutura, tanto quanto para a iniciativa privada (ela participou da construção do LBTC).
Oakland
E para finalizar, quinta-feira (01/10/15), a comitiva do Santos Export realizou sua visita ao Porto de Oakland, nos Estados Unidos. Na reunião com representantes da autoridade portuária, tomou conhecimento de que, para atrair mais cargas e negócios no disputado mercado da costa oeste dos Estados Unidos, o complexo marítimo aposta na oferta de novos serviços logísticos, de modo a facilitar o transporte de suas mercadorias, diversificar operações e, principalmente, reduzir custos de seus clientes.
No total, cerca de US$ 1 bilhão em recursos públicos será investido nessas medidas. Entre as ações previstas, a principal é a construção, em sua retroárea, de um centro de distribuição de mercadorias, um diferencial diante dos concorrentes, especialmente Los Angeles e Long Beach.
Essa estratégia foi apresentada em reunião na sede da autoridade portuária norte-americana. Oakland é o terceiro e último complexo marítimo que o grupo conheceu. Essas visitas técnicas a portos da costa oeste dos Estados Unidos concluem a programação deste ano do Santos Export 2015 – Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos. A parte inicial do seminário, com os debates sobre os desafios para o crescimento do cais santista, aconteceu em agosto, em Santos.
Atualmente, o principal projeto de Oakland, o novo centro de distribuição do porto, está sendo implantado em uma área de quase 700 mil metros quadrados. Com previsão de ser inaugurado no início do próximo ano, o Oakland Global Logistics Center, sua denominação oficial, vai facilitar e baratear o transporte de cargas, especialmente o ferroviário. Além de armazéns, o empreendimento contará com novas linhas férreas. E por estar localizado na zona portuária (afastado do cais, mas ainda na região dos terminais), acaba reduzindo os custos dos usuários.
“Em outros portos, os clientes têm de transportar seus contêineres até instalações distantes para embarcar nos trens. Nós trouxemos essa operação para dentro do porto. Será o nosso diferencial, especialmente diante de nossos vizinhos do Sul da Califórnia (Los Angeles e Long Beach). Calculamos que, com esse centro logístico, haverá uma economia de US$ 300 a US$ 325 por contêiner movimentado”, explicou a gerente de Desenvolvimento de Negócios e Marketing Internacional do porto, Beth Frisher, que apresentou os planos de expansão do complexo para o grupo do Santos Export.
Segundo Beth, o planejamento do centro logístico surgiu em 2006, quando o Exército dos Estados Unidos desativou a base militar que ficava na área portuária onde está sendo implantado o empreendimento. “Já estávamos planejando como ampliar nossas operações e surgiu essa oportunidade, que não pudemos dispensar. É a nossa chance de melhorar as operações e reduzir custos logísticos”, afirmou.
No terreno vizinho ao complexo de armazéns, a autoridade portuária está construindo um terminal intermodal, com cinco linhas férreas principais e oito ramais secundários. A nova infraestrutura permitirá a movimentação de oito composições ferroviárias por dia, facilitando esse tipo de transporte na área portuária.
A estratégia de Oakland ainda prevê a instalação de novos armazéns para cargas frigorificadas e terminais de granéis sólidos, para a operação de grãos, inédita na região. “Além de melhorar a infraestrutura logística, buscamos diversificar nossos negócios. É como atuamos no mercado”, disse Beth Frisher.
Na visita à sede da autoridade portuária, o grupo do Santos Export também conheceu os programas ambientais do complexo, em especial os voltados à melhoria da qualidade do ar e da água, apresentados pelo diretor de Programas e Planejamento Ambiental, Richard Sinkoff. Em seguida, houve reuniões com representantes de escritórios de engenharia com experiência no setor portuário, como Aecom e Moffat & Nichol, e empresas de tecnologia, caso da Navis, criadora do programa de gestão de pátio de contêineres mais utilizado no Porto de Santos.
Na parte da tarde, a comitiva santista visitou instalações portuárias.
Terceiro porto da Califórnia e quinto dos Estados Unidos, Oakland se destacada pela operação de contêineres. No ano passado, operou 2,39 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), apesar de ter uma capacidade instalada para escoar 4 milhões de TEU. Em 2014, passaram por Santos 3,68 milhões de TEU.
Administrado pela cidade e localizado no norte da Califórnia, na Baía de São Francisco, nas proximidades da Ponte Bay (um dos marcos locais, ao lado da Ponte Golden Gate), o complexo norte-americano tem canais de acesso e berços com 15 metros de profundidade. Pelas regras locais, essa medida é suficiente para receber navios de 13 mil e até 14 mil TEU (que podem sair totalmente carregados).
Oakland foi o terceiro porto norte-americano visitado pelo grupo do Santos Export nesta viagem, finalizando assim as visitas programadas.