O trabalho foi realizado por profissional da Fundação Arquivo e Memória de Santos
O chamado Livro de Ouro da Associação Comercial de Santos (ACS), que contém assinaturas de visitantes ilustres desde 1875, como a de Dom Pedro II, por exemplo, foi restaurado. O trabalho foi realizado pela restauradora de livros e documentos da Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), Adelia Maria Alcover, e entregue às mãos do presidente da ACS, Roberto Clemente Santini, nesta terça-feira (15), durante reunião de diretoria.
“Agradecemos à Fundação pelo trabalho. Sem dúvida, preservar um livro como este é extremamente importante para a história da nossa Cidade”. Na opinião de Roberto Clemente Santini, a restauração do livro, sem dúvida, estenderá a preservação, caracterizando uma grande contribuição à longa história da ACS.
O diretor técnico da Fams, Sérgio Willians, também participou da reunião e explicou que o livro foi totalmente digitalizado, para que possa ser usado para consultas e exposições. “Assim, a população poderá conhecer um de seus tesouros. É uma preciosidade que precisa ser preservada. É o livro mais importante da história de Santos, sem dúvida nenhuma, em relação a registros de passagens de figuras ilustres”.
O Processo
O restauro, que foi feito gratuitamente pela Fams, levou cerca de dois meses e começou com o manuseio do livro, para analisar o estado em que estava. Segundo Adelia, as primeiras páginas eram as mais danificadas. “De um modo geral, estava bom. Pela idade e importância, encontrava-se em bom estado”.
Após essa análise, foi feita a higienização e o chamado colacionamento, que é um mapeamento para saber qual é o par de cada página e fazer com que ele fique na ordem em que foi entregue. “Ele já tinha sido restaurado, por isso, não estava numa sequência lógica. Sendo assim, mantive a sequência que encontrei”.
Depois deste processo, começaram os reparos, com pequenos cortes, feitos com papel japonês, parar cobrir partes rasgadas. “É um material especial para restauro, um papel de fibra longa, que tem uma penetração maior nas fibras do livro com o enxerto”.
Também foi feita uma nova costura. O livro já possuía papéis com PH neutro, para absorver a acidez das folhas, e eles foram substituídos. “Na lombada do livro, achei importante colocar um pedacinho desse papel de ph neutro também, pois caso tenha uma nova intervenção no futuro, ela será preservada. É a lombada que dá estrutura ao livro, segura todos os cadernos. Por isso, a importância desse reforço”.
Com a conclusão do trabalho, a restauradora garante que o Livro de Ouro pode ser novamente manuseado, sem o risco de perder suas valiosas páginas. “Ainda está frágil, pelo tempo e acidez do papel. Algumas assinaturas foram feitas com tinta ferrogálica, que enferruja. Não existe como interromper este processo, que se dá pela ação do tempo. Mas, certamente, ele está reforçado”.
Início
O Livro de Ouro foi aberto em homenagem a D Pedro II em 30 de agosto de 1875. Na data, o imperador e a imperatriz Teresa Cristina visitaram a Associação Comercial de Santos. Uma curiosidade é que o imperador assinava Dom Pedro 2.º, com numeral ordinal, e não com algarismos romanos.
Adelia afirmou que esta página estava entre as mais danificadas. “Por ser a mais antiga das assinaturas e também pela curiosidade, todos que pegam o livro querem ver o registro de D Pedro II, acredito. Por isso, desgasta mais”.
O livro foi devolvido às mãos de Roberto Clemente Santini durante reunião da diretoria da ACS. Ele aproveitou para lembrar outras importantes assinaturas existentes no livro histórico. “Todas as figuras ilustres que visitaram a ACS assinaram este livro, como o ex-presidente, Juscelino Kubitschek, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin”.
Por fim, Adelia agradeceu a oportunidade. “Foi uma grande honra restaurar um livro com a importância do Livro de Ouro”.
