A Associação Comercial de Santos (ACS) recebeu, na manhã desta quarta-feira (11), empresários e lideranças de diferentes setores de atuação. O encontro serviu para dar início à criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos (Condesan), que tem como objetivo planejar os próximos anos da Cidade, ajudar a direcionar os investimentos em infraestrutura, desenvolvimento econômico e, consequentemente, na geração de empregos.
Para o presidente da ACS, Roberto Clemente Santini, a criação do conselho é muito importante para o desenvolvimento da região a médio e longo prazos. “Nós esperamos que outras entidades e outros empresários se unam com o Poder Público para termos um futuro bem organizado e bem projetado. É um projeto unido, vitorioso e audacioso. Só temos a ganhar”.
De acordo com o diretor-financeiro da Associação Comercial de Santos, André Canoilas, o processo de implementação do conselho já estava sendo discutido junto a Assecob há meses. “Nós (ACS, Assecob, Sinduscon e Secovi) nos reunimos para ver quais entidades poderiam participar dessa fase inicial de implementação e desenvolvimento econômico. Temos várias Câmaras Setoriais que representam, de certa forma, as atividades econômicas mais preponderantes da região. Tivemos o cuidado de extrair as que teriam prioridade de participar deste primeiro momento. Entretanto, nada impede que, futuramente, a gente convide outras associações e entidades para fazer parte do conselho".
Ainda segundo Canoilas, alguns temas devem ser tratados como prioritários. Entre eles estão qualidade de vida, vocação econômica, educação e turismo. “Santos nunca esteve tão preparada para enfrentar um novo ciclo econômico. Temos as obras da entrada da Cidade, a reformulação da Ponta da Praia e a criação de um novo Centro de Convenções. Temos que atrair novos investimentos, principalmente, na área de Porto. Temos um DNA enorme para a área logística e isso deve ser explorado”.
Implantação
O presidente da Assecob/Sinduscon-SP, Ricardo Beschizza, foi um dos incentivadores da implantação do conselho. De acordo com ele, a ideia de trazer o projeto a Santos surgiu durante a realização do FICON (Fórum da Indústria da Construção de Santos e Região), realizado no ano passado, a partir de uma sugestão do presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins. “A partir daí, a Associação Comercial de Santos, a ASSECOB (Associação dos Empresários da Construção Civil), o SindusCon-SP e o Secovi-SP se uniram para trazer o projeto à cidade, mais especificamente à sede ACS”.
Segundo Beschizza, as lideranças, instituições e as empresas estão organizadas individualmente. “Para haver um coletivo precisamos nos reunir e trabalharmos de forma organizada para propormos a criação embrionária desse conselho”.
O reitor da UniSantos, Marcos Medina, frisou que esse incentivo é fundamental para a Cidade. “É belíssimo entender esse movimento como uma sociedade civil que vai se dando conta da sua função, que entende que tem que assumir a responsabilidade pelo seu futuro e pela construção de suas profissões. Não é um processo simples. Todos nós temos que pensar sobre nosso papel como agentes sociais. Mas, o início da caminhada já é a construção de um novo futuro e isso já é muito positivo”.
Modelo Maringá
O encontro ocorrido nesta manhã na ACS foi mais uma etapa de trabalho que começou com viagens e contatos com empresários e dirigentes da cidade paranaense de Maringá, onde o Conselho tem forte atuação e influência em políticas públicas e investimentos.
Para explicar como foi a implantação desse trabalho, o ex-prefeito de Maringá, Sílvio Barros, e a ex-dirigente do Conselho de Desenvolvimento, Marcia Santin, tiveram um bate-papo de pouco mais de uma hora falando o porquê Maringá se tornaria a melhor cidade do País.
“Qualquer cidade precisa saber para onde vai. Quem não sabe para onde vai, nunca chega. E, para onde estão indo as nossas cidades? Ninguém faz planejamento a longo prazo. Os prefeitos estão limitados a quatro anos. Lá em Maringá, em 1996, a sociedade civil resolveu assumir esse papel e fazer o planejamento de 20 anos para frente, definir onde a cidade ia e propor aos candidatos a prefeito que colocassem em seus planos de governo o projeto que a cidade tem pra si própria. Por isso, Maringá hoje é considerada a melhor cidade do Brasil”, disse Barros.
O ex-prefeito lembrou ainda que é importante que a sociedade civil se organize num mecanismo de governança colaborativa. “Uma governança onde as experiências, a expertise, o DNA de planejamento estratégico da sociedade organizada é emprestada para a prefeitura. Os prefeitos, teoricamente, não teriam motivo para não apoiar, só se eles tivessem medo de uma sociedade empoderada”.
A consultora Márcia Santin explicou também que o desenvolvimento não é um resultado automático do crescimento econômico, mas das relações humanas, do desejo e da vontade das pessoas de alcançarem uma melhor qualidade de vida para todos. “É importante que Santos promova outros encontros e comece a desenhar o que quer e o que pode ser realizado. É necessário unir forças e formar um fórum permanente de discussão sobre o desenvolvimento da cidade".