15 de março de 2012

Pesquisa do pré-sal deslancha em 2014 - A Tribuna - 15/3/2012

Publicada em:
A Tribuna, 15/3/2012, quinta-feira, página C-1, Petróleo & Gás

LUCAS KREMPEL
DA REDAÇÃO

O centro regional com toda a infraestrutura para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de petróleo e gás, previsto para integrar o Parque Tecnológico em Santos, deve estar em funcionamento em 2014, segundo o projeto em elaboração pelas universidades estaduais e a Petrobras.

Batizado como Centro de Pesquisa Tecnológica em Petróleo e Gás da Baixada Santista (Cenpeg/BS), o espaço será construído em uma área livre do antigo Colégio Santista (na Rua Sete de Setembro, no Centro), do lado contrário ao futuro prédio que será ocupado pela fundação do Parque Tecnológico.

Diferentemente do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello, o famoso Cenpes na Ilha do Fundão, no Rio, o Cenpeg/BS não será gerido pela Petrobras.

Segundo o projeto, o núcleo santista terá como coordenadores nos primeiros anos a USP, Unesp e Unicamp, instituições campeãs em pesquisa no País. Na sequência, as universidades particulares de Santos assumem a coordenação, de forma conjunta, em parceria com a Fundação Parque Tecnológico.

A Petrobras, no entanto,será a responsável pelo financiamento da obra. A petrolífera usará recursos da Cláusula de Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, que determina que as petrolíferas concessionárias invistam em centros de pesquisa nacionais 1% da receita bruta que obtêm nos campos de grande produção ou de alta rentabilidade (que pagam participação especial).

Para isso, as universidades da região precisam buscar o credenciamento na Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável pela execução de política nacional do setor.

O consultor sênior do Cenpes, o santista Elísio Caetano Filho, que participa da elaboração do projeto, diz que o Cenpeg será complementar aos centros já existentes da Petrobras. Segundo ele, a instalação em Santos será única no Brasil. "Será um centro multi-institucional e trabalhando com multitemas".

Os temas priorizados para o Cenpeg são Monitoramento Ambiental, Gerenciamento Remoto, Logística, Automação de Processos, Realidade Virtual, Computação de Alto Desempenho e Interação Homem e Máquina.

O Cenpeg, segundo Caetano, não será um espaço de uso exclusivo da Petrobras. "O centro será voltado para a indústria do petróleo, no segmento de exploração e produção, e qualquer companhia poderá solicitar serviços desse centro".

ESTUDOS EM ANDAMENTO
Caetano conta que, hoje, "uma centena de professores trabalha na elaboração do projeto". A meta de Caetano é finalizar os projetos da instalação do Cenpeg até no final deste ano.

Na sequência, o projeto será levado para o aval da diretoria da Petrobras. A etapa seguinte inclui a autorização da ANP na liberação dos recursos da Cláusula de Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento. "Esperamos concluir essas etapas para iniciarmos a obra em 2013 e, em 2014, colocarmos o centro em operação".

Ainda não estão definidos o projeto arquitetônico e o valor do investimento para a construção da sede. Sabe-se apenas que será feita a cessão da área para a Fundação Parque Tecnológico, que em comodato cederá espaço ao Cenpeg.

O Plano de Negócios 2011-2015 da Petrobras prevê investimento de US$ 1 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento, afirmou, em setembro último, o gerente-executivo do Cenpes, Carlos Tadeu Fraga.

Caetano explica, ainda, que o grande ganho do centro de pesquisas será na área de conhecimento e desenvolvimento de pesquisas. O empreendimento não deve gerar muitos empregos diretos, mas a chegada de novas empresas esquentará o mercado de trabalho.

ATRAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS
As instalações da Fundação Parque Tecnológico e do Cenpeg deixarão Santos em situação favorável para atrair grandes empresas.

A movimentação na cidade já começou. Gigantes do petróleo como a Schlumberger, Halliburton e a própria Petrobras, que ocupa sete prédios e centralizará suas atividades no Valongo, mostram que Santos entrou de vez na briga.

A chegada da base de apoio offshore da italiana Saipem, a construção de quatro navios do tipo PSV 4500 (embarcação de apoio às plataformas) pela Wilson Sons, além da futura instalação da base logística da Petrobras, na Base Aérea de Santos, mostram que Guarujá deve absorver a área de construção e montagem.

ACS JOVEM
Na última segunda-feira, Caetano conversou sobre o Cenpeg com alunos da Universidade Paulista (Unip) no painel sobre petróleo e gás da 4.ª Semana do Jovem Empreendedor, evento organizado pelo núcleo jovem da Associação Comercial de Santos (ACS).

PARQUE TECNOLÓGICO DE SANTOS

Orçado em R$ 23 milhões, o prédio da Fundação Parque Tecnológico de Santos é uma das principais armas da Cidade para atrair grandes empresas.

Do valor total da construção do prédio na área do antigo Colégio Santista, que será erguido do lado oposto à sede do Centro de Pesquisa Tecnológica em Petróleo e Gás da Baixada Santista (Cenpeg), R$ 10 milhões virão do Governo de São Paulo.

A verba restante deverá vir pelo Governo Federal.

Ainda não foi divulgada uma data para a inauguração do prédio, mas estima-se que deva ficar pronto entre o final de 2013 e início de 2014.

NO RJ, CENPES ATRAI GRANDES EMPRESAS

Considerado um dos maiores espaços de pesquisa aplicada do mundo, o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, é um exemplo bem-sucedido para Santos.

Com 300 mil metros quadrados de área, o Cenpes conta com diversos laboratórios destinados a atender as demandas tecnológicas das áreas de negócio da Petrobras. Biotecnologia, Meio Ambiente e Gás e Energia são os principais laboratórios.

Um dos maiores avanços do Cenpes foi a atração de grandes empresas. Somente no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado próximo ao Cenpes, Schlumberger, Baker Hughes, Usiminas e a FMC Technologies inauguraram centros de pesquisas.

Em fevereiro, a General Electric (GE), multinacional de serviços e tecnologia, anunciou investimentos de R$ 917 milhões (US$ 550 milhões) em dois anos em um centro de pesquisa, também na Ilhado Fundão.

A construção vai gerar 1 mil empregos diretos. Destes, 200 serão de pesquisadores.

O fenômeno de atração de empresas à Ilha do Fundão lembra o Vale do Silício, na Califórnia, região na qual, a partir da década de 1950, formou-se um conjunto de empresas com o objetivo de gerar inovações científicas e tecnológicas.

A atual vantagem do Rio de Janeiro está no fato de possuir uma instalação pronta para o setor, construída desde os anos 1970.

Confira a reprodução da reportagem

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