May 08, 2014

Seca e pouca chuva na cafeicultura - A Tribuna - 8/5/2014

Publicada em:

A Tribuna - 8/5/2014, quinta-feira, página C-1, Economia

# Problemas e perspectivas para o setor cafeeiro foram discutidos no primeiro dia do 20.º Seminário Internacional de Café de Santos

MARCELO SANTOS

DA REDAÇÃO

A seca e o calor provocaram um estrago na cafeicultura brasileira. As folhagens eos frutos sentiram as altas temperaturas e a falta de chuvas e não se desenvolveram. E as pragas proliferaram. Com isso, a safra deste ano, estimada em até 45 milhões de sacas, refletirá na do ano que vem, repetindo o mesmo volume.

A colheita de 2015 ficará até 8 milhões abaixo do necessário para o Brasil cobrir a demanda das exportações e o mercado interno. Com a quebra da produção, com perdas de 10% a 30%, conforme a região, os preços em Nova Iorque, que regula o mercado mundial, já subiram 60% desde o início do ano.

O cenário desolador para este ano e preocupante para o ano que vem marcou o primeiro dia do 20.º Seminário Internacional do Café de Santos, organizado pela Associação Comercial de Santos e com apoio institucional do Sebrae.

Oevento realizado no Hotel Sofitel Jequitimar, em Guarujá termina hoje.

Segundo José Braz Matiello, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, devido ao clima, a planta cresceu menos, o grão perdeu peso e qualidade, as folhas caíram e os ramos secaram. Para piorar, pragas atacaram essas folhas, os ramos e os frutos.

Matiello explica, entretanto, que não houve uma devastação geral no País. No Sul de Minas, a perda média estimada é de 30%, mas variou de 90% nas altitudes mais baixas para 10% nas mais altas.

No Espírito Santo e em São Paulo, houve uma perda média de 10%.Em uma pesquisa realizada por Matiello numa fazenda paulista, a produção de 40 sacas por hectare caiu para 12 na primeira safra.

Conforme previsões dele, neste ano a perda será de 18% no País, com produção de 38 milhões a 44 milhões de sacas, resultado que será repetido em 2015. Não haverá avanço porque os cafezais ainda estarão abalados pela seca, com raízes mais finas, desfolhamento e ramos que crescem menos.

O corretor de café Eduardo Carvalhaes Jr. afirma que a seca teve forte impacto nas cotações. Em Nova Iorque. das 17 semanas de pregões a partir de janeiro, 13 terminaram em alta. “É a pior seca dos últimos 30 anos”. Ele estima uma safra de 45 milhões de sacas neste ano.

Carvalhaes diz que isso é insuficiente – o Brasil precisa de até 33 milhões para exportar e demais 20 milhões para o consumo interno. A diferença de até 8 milhões explica os preços e malta que, conforme o corretor, ainda não chegaram ao consumidor brasileiro.

CLIMA

O diretor da Somar Meteorologia, Paulo Etchichury, disse no seminário que está começando no Oceano Pacífico um novo El Niño, fenômeno que deixa as águas mais quentes e bloqueiam as frentes frias que sobem do Sul do Brasil, reduzindo as geadas, o que é bom para a cafeicultura.

Sobre o esvaziamento dos reservatórios, como Cantareira, ele diz que isso não é culpa só do clima. “Estamos produzindo no limite dos recursos naturaise com issoficamos suscetíveis às anomalias do clima”.

# Homenagem

Personalidade nacional da cafeicultura brasileira, o empresário Luiz Hafers recebeu da organização do Seminário Internacional do Café de Santos a Homenagem de Honra ao Mérito. Hafers é santista, vive atualmente em São Paulo e produziu café em toda a sua vida. “O café é o centro da minha família há muito tempo e é a minha vida há muito tempo. É uma paixão que não passa. É um momento que faz valer a pena tudo o que passamos com o café”, afirma ele. “Tenho a honra de ser fazendeiro de café e santista de nascimento e de criação”. Sobre o negócio de café, Hafers diz que há novas condições se configurando na cafeicultura. “São novas técnicas de comércio e de financiamento. Vai ser difícil, mas vai ser bom”. Segundo ele, o café perdeu a importância relativa que tinha décadas atrás, mas não perdeu seu valor absoluto.

# São Paulo investe em qualidade

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que a cadeia do café é longa, gera empregos e tem importância social e econômica. “São Paulo  foi do café, São Paulo é do café, São Paulo será do café”.

Alckmin abriu ontem o 20.º Seminário Internacional do Café de Santos. Segundo ele, apesar do Estado ser o terceiro em produção, é o que mais investe em pesquisa cafeeira no País e, por isso, consegue melhores níveis de qualidade.

O evento é organizado pela Associação Comercial de Santos (ACS). O presidente da ACS, Roberto Clemente Santini, destacou a importância dos negócios do café. Santini, diretor-presidente da TV Tribuna, lembrou que a cafeicultura exporta 23 milhões de sacas por ano pelo Porto de Santos.

O seminário atraiu participantes de 14 países. São produtores brasileiros, executivos de cooperativas e de indústrias, exportadoras e grandes grupos como Nestlé e Starbucks.

A abertura contou ainda com os prefeitos Antonieta de Brito (Guarujá) e Paulo Barbosa (Santos), com a secretária estadual de Agricultura, Mônika Bergamaschi, o presidente da Câmara de Santos, Sadao Nakai (PSDB), o deputado estadual Bruno Covas (PSDB), o vice-presidente da ACS, John Wolthers, e o presidente Codesp, Angelino Caputo.

O encontro vai até hoje. Às 9 horas começa a palestra Café: a realidade brasileira, com Guilherme Amado (Nespresso), Edson Guerrero (Cooxupé), Creuzo Takahashi (Copermonte) e Pedro Malta (Nestlé), com moderação de Soren Knudsen (Vaering Corporation).

Às 10h50, o tema será Brasil em sintonia com as exigências de mercado, com Gastão Mesquita (Copersucar), Carlos Santana (Interagrícola),

Luiz Almeida (Sobloco), Iro Schunke (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco) e moderação de Vanessa Vilela (Kapeh Cosméticos).

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