November 12, 2014

Deputados querem mudanças na Agem / A Tribuna - 12/11/2014

Publicada em: A Tribuna - 12/11/2014, página A-3, Cidades

# Em debate na UniSantos, parlamentares eleitos para a Assembleia Legislativa criticaram a Agência Metropolitana da Baixada Santista

MAURÍCIO MARTINS

DA REDAÇÃO

A Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) foi alvo de críticas por parte dos deputados estaduais eleitos pela região. Caio França (PSB), Cassio Navarro (PMDB) e Paulo Corrêa Júnior (PEN) acreditam que são necessárias mudanças na entidade, criada em 1998 pelo Governo do Estado para planejar e executar ações metropolitanas.

Em debate promovido ontem à noite, na Universidade Católica de Santos (UniSantos), os parlamentares destacaram a necessidade de um corpo técnico qualificado para atuar na agência e o fim das indicações políticas. E pretendem trabalhar por isso a partir de 2015.

O encontro foi o segundo organizado por A Tribuna, Associação Comercial de Santos (ACS), Fórum da Cidadania e a UniSantos, com o objetivo de discutir propostas e fiscalizar permanentemente os futuros mandatos.

Na segunda-feira participaram os deputados federais eleitos. Nos dois dias, a mediação foi feita pelo jornalista e diretor executivo da ACS, Marcio Calves, e o público teve a oportunidade de fazer perguntas aos eleitos.

“A Agem, hoje, tem uma atuação pífia, é uma casa de chá. Existe para políticos que perderam as eleições e são acomodados. Temos de tratar essa questão com mais responsabilidade”, dispara Corrêa Júnior. De acordo com o deputado eleito, o ideal seria que o diretor executivo da agência fosse escolhido entre três nomes indicados em comum acordo pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), deputados federais e estaduais.

Navarro afirma que qualquer decisão quanto ao comando da Agem terá de ter aval dos futuros parlamentares. “Eu não vejo problema em atender uma indicação se a pessoa for competente. Mas vou lutar para que a agência não seja utilizada apenas para acomodar situações partidárias e familiares”.

Para França, a Agem é só um exemplo da morosidade e burocracia do Poder Público. “Acho que o diretor executivo precisa ser uma pessoa que conheça os problemas da região. Mas não só ele. É necessário um corpo técnico que esteja apresentando propostas semanalmente, não uma vez por mês”.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Corrêa Júnior não acredita na adoção da prática na região. “Antes de falar em participação da sociedade, os políticos precisam entender o que é região metropolitana”.

França acredita que os meios utilizados para a aprovação do orçamento estadual pela Assembleia Legislativa estão muito atrasados. Para ele, mudanças nesse setor já representariam mais participação da população na destinação dos recursos. “As pessoas não vão às audiências públicas. Precisamos repensar esse modelo. Acho que a internet pode ser mais um meio”.

TRANSPORTE PÚBLICO

Caio França pensa que o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) deve ser ampliado com mais rapidez, embora reconheça os altos custos do projeto. O socialista diz, ainda, que é preciso pensar em outras alternativas de mobilidade urbana, como o transporte hidroviário.

Já Cassio Navarro quer lutar pelo BRT – sistema rápido com ônibus biarticulados. “O VLT vai demorar muito, ainda estamos na primeira fase e já está atrasado”.

REFORMA POLÍTICA

Paulo Corrêa Júnior acredita que existem temas muito mais urgentes para se discutir do que uma reforma política no Brasil. Questionado se o sistema atual não seria ruim, porque um deputado eleito para quatro anos pode ficar somente dois e concorrer a prefeito, ele desconversou. “É muito cedo para falar em eleições. Eu não pretendo ser candidato, mas política é como nuvem, toda hora muda”.

TÚNEL

França demonstrou irritação com a demora para a viabilização da ligação seca entre Santos e Guarujá. “Não há mais o que se discutir, precisamos que saia do papel. Vou me debruçar no projeto do túnel e acompanhar essa obra. A população está com pressa e eu também”.

SÃO VICENTE

Corrêa Júnior, ao ser questionado sobre quando as obras dos canais de São Vicente ficarão prontas, afirmou que se faz a mesma pergunta. “Eu tenho percorrido São Vicente, sei que é uma região sofrida e vou me colocar à disposição para trazer as verbas necessárias. E vou cobrar a responsabilidade do prefeito Bili”, garante.

EDUCAÇÃO

Para o setor da educação, uma das bandeiras de Corrêa será a valorização do professor. “Quando se fala em educação, o Estado deixa a desejar e muito. Falta uma atenção maior à área”.

Caio França foi interrogado sobre suas propostas para incentivar a literatura na região. “As bibliotecas precisam ser melhor organizadas nas cidades. Precisamos de campanhas de incentivo. O Estado tem biblioteca volante, poderíamos trazer para cá”.

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# Prioridades

“Eu sou filho de educadora e penso que a educação é o único tema que consegue transformar as pessoas. Quero me dedicar muito a isso, acho que o Estado investe pouco no ensino integral”

Caio França (PSB), deputado estadual eleito

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“Quero aproveitar minha experiência para um novo momento como deputado. Vejo pessoas que moram em uma região metropolitana, mas não se sentem cidadãos metropolitanos”

Cassio Navarro (PMDB), deputado estadual eleito

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“Devemos pedir que o governador selecione uma equipe para que possamos apresentar os projetos em tempo, e não perder prazos. Há muitos recursos, o que precisa é elaborar projetos”

Paulo Corrêa Júnior (PEN), deputado estadual eleito

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# Cobranças

“É interessante sabermos se as ideias desses nossos futuros representantes são parecidas com as nossas. Ultimamente, não tenho acompanhado muito o trabalho dos deputados, mas pretendo começar a observar mais de perto os mandatos”

Guilherme Bissiatu, estudante universitário

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“Estou aqui para saber um pouco mais sobre as posições dos deputados estaduais em relação às questões que envolvem a região. Esse debate é um mecanismo importante para que as pessoas possam cobrar os que foram eleitos, isso é bom para a politização da população”

Juliana Câmara, estudante do Ensino Médio

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“A sociedade precisa comparecer nesse tipo de evento. O controle social no nosso País ainda é muito lento. Os países da Europa fazem isso de forma mais efetiva. Nós, cidadãos, temos de exercer esse poder. O mandato tem de ser em nome do cidadão”

Jasson dos Santos, aposentado

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