August 29, 2013

Alto valor agregado - A Tribuna - 29/8/2013

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A Tribuna / 29/8/2013

Governo do Estado quer atrair prestadores de serviços qualificados e que utilizam muita tecnologia

Após a região receber Petrobras, Saipem e Iesa, o Governo do Estado decidiu centrar o foco em um segmento para acelerar a vinda de mais negócios para a Baixada Santista. A intenção é atrair prestadoras de serviços de alto valor agregado e com uso intensivo de tecnologia.

A estratégia, entretanto, tem um sério desafio, que é enfrentar a concorrência agressiva do Rio de Janeiro, que está no mercado de petróleo e gás desde os anos 1970, enquanto na Baixada esse setor é praticamente uma novidade.

Em reunião da Câmara Setorial de Petróleo e Gás da Associação Comercial de Santos (ACS), o subsecretário de Petróleo e Gás da Secretaria Estadual de Energia, Ubirajara Sampaio de Campos, afirma que essas prestadoras de serviços trabalham diretamente com as petroleiras.

Gigantes como a Petrobras e Exxon, explica ele, se concentram na exploração do campo. Antes disso, precisam mapear as reservas e estimar o volume de óleo disponível antes de começar a produzir. “Esse segmento envolve conhecimento e tecnologia e é bem sofisticado”, afirma ele.

Essas prestadoras utilizam embarcações, contratam engenheiros especializados, realizam estratigrafia para estudar as rochas e sísmica para encontrar reservas, além de definir localização e furar poços.

Entre essas empresas que atuam como prestadoras por todo o mundo estão Schlumberger e Halliburton. As duas têm escritórios em Santos, mas o Governo do Estado espera investimentos bem mais graúdos.

Entretanto, o Rio tem uma âncora consolidada na atração de negócios qualificados, o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), da Petrobras, que fica na Ilha do Fundão e é um dos maiores do mundo no setor de petróleo. “Se uma dessas empresas vem para cá, elas acabam atraindo outras em bloco, afirma o coordenador da Câmara Setorial da ACS, Vicente do Valle.

SAIPEM

A Saipem, afirma Ubirajara Campos,é uma dessas grandes empresas prestadoras de serviços. Controlada pela petrolífera italiana ENI, ela atua na área de Engenharia para o setor de petróleo e gás,entre outras atividades. A empresa já instalou 50 mil quilômetros de dutos em todo o mundo e desenvolveu tecnologia própria para a soldagem dos tubos aguentar a corrosão.

Com um conhecimento tecnológico diferenciado, a Saipem ganhou a concorrência da Petrobras para implantar um gasoduto de 400 quilômetros em águas profundas entre o campo de Cernambi, na Bacia de Santos e na altura do litoral paulista, até uma unidade de tratamento da Petrobras no distrito de Cabiúnas em Macaé, no litoral do Rio.

 

Instalada no Complexo Industrial e Naval do Guarujá (Cing), a empresa italiana é basicamente uma fornecedora da Petrobras – seus passos na região dependem da demanda da estatal brasileira.

 

Porém, ela gera negócios simultâneos e também utiliza fornecedores. Cadastrou mais de 206 empresas da região, sendo que 40 já trabalham com ela. “A região pode atrair fornecedores de alimentos, mas a estratégia é atrair grandes prestadores de serviços que nos acrescentem uma atividade econômica qualificada”, diz Ubirajara Campos.

 

 

 

Nos negócios, o ‘inimigo’ é o Rio

 

Enquanto o Governo do Estado traça estratégias para o setor de petróleo, a Câmara Setorial de Petróleo e Gás da Associação Comercial de Santos (ACS) corre contra o tempo para ajudar a consolidar dois grandes empreendimentos já confirmados para a região – a base offshore da Petrobras e a unidade da Saipem em Guarujá.

 

Paralelamente, há a disputa com o Rio de Janeiro, que São Paulo vê como grande “inimigo” na disputa por negócios. A câmara é formada por representantes de empresas, como a própria Petrobras e Saipem, o setor público e universidades, entre outros. A preocupação é demonstrar para as grandes companhias que a região vê o setor de petróleo como salto para a prosperidade e não como um problema para seus moradores.

 

Até o final do ano, a Petrobras deve lançar a concorrência para contratar berços de atracação no Porto como sua base offshore. Esse prestador de serviço receberá embarcações que operam na Bacia de Santos e que precisam de manutenção. Até 2020, os planos indicam a instalação de quase 40 plataformas, que serão abastecidas por centenas de navios.

 

Portanto, conclui-se que essa base será uma fantástica âncora de atração de pequenos e médios prestadores de serviços de manutenção, gerando mais renda inclusive que os 6 mil funcionários diretos da sede da Petrobras que deverão estar contratados até 2020.

 

A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, já confirmou que vai liberar a licitação, mas há dúvidas no mercado. O Rio já conta com mercado parecido e maduro que atende a Bacia de Campos e, por isso, também pode suprir Santos.

A briga agora é saber qual o tamanho dessa base santista, afinal o Rio está à espreita, e onde ela ficará por aqui. Sondagens apontam que áreas da Usiminas, Vale Fertilizantes e Alemoa poderão participar da concorrência.

A Saipem também preocupa. A empresa optou pela região, mas seus executivos enfrentam dificuldades na parte logística. A unidade, que fica no Complexo Industrial e Naval de Guarujá(Cing), precisa receber os tubos que são produzidos na Tenaris-Confab em Pindamonhangaba.

Eles chegam à Baixada Santista, mas a legislação de Guarujá impede a circulação dos caminhões. A solução é tranportá-los pelo estuário até o atracadouro no Cing. Ocaminho da Saipem é semelhante ao da Petrobras e há quase dois anos negocia uma alternativa no complexo portuário,incluindo Cubatão.

 

Novo filão

A montagem ou reforma de equipamentos gigantescos,como turbinas e transformadores, pode ser um filão para a Baixada Santista.“Certos equipamentos são tã ograndes que precisam ser construídos ou passar por manutenção em área molhada”, afirma o executivo da Saipem, Ricardo VonHombeeck, que integra a câmara setorial da Associação Comercial de Santos.

Fazendo-se o trabalho em área no cais, basta transportar o equipamento em uma embarcação,reduzindo drasticamente, ou até totalmente, o uso de caminhões até o local de destino.

Ele diz que o tamanho desses equipamentos inviabiliza o transporte pelas rodovias,lembrando o caso de um empresário que decidiu economizar com o frete hidroviário para transportar um transformador. Recebeu a encomenda um ano depois.

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