#Durante palestra no Santos Export, o economista Ricardo Amorim apontou a quebra da burocracia como fundamental para expansão do Porto
"O Porto de Santos é o maior exemplo de como a burocracia pode travar um País", garante o economista Ricardo Amorim. Ele ministrou a primeira palestra da 10ª edição do Santos Export - Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos, na noite de ontem. O evento acontece até hoje, no Casa Grande Hotel,em Guarujá.
O seminário é uma iniciativa do Sistema A Tribuna de Comunicação e uma realização da Una Marketing de Eventos. Hoje, novos debates traçarão os cenários atual e futuro do complexo santista, com a participação de autoridades e empresários do setor.
Para Amorim, a expansão do Porto de Santos depende de três fatores. Investimento em infraestrutura e quebra de burocracia são os fundamentais. Aliadas a isto, as reduções de carga e complexidade tributárias são decisivas no processo de desenvolvimento. "Nós pagamos impostos demais, em número excessivo e, muitas vezes, um cálculo incide sobre outro. Isso tudo complica os negócios, reduz geração de empregos e o desenvolvimento do País", afirma.
Um exemplo de burocracia citado durante a palestra foi a o peração Maré Vermelha, da Receita Federal. Ela amplia o rigor na fiscalização das mercadorias.
Os carregamentos suspeitos são destinados ao canal vermelho (o que inspirou o nome da operação). Esta é a classificação dada pelo Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex, programa da Receita para declaração de importação) a lotes de mercadorias que precisarão passar por fiscalizações documental e física antes de serem liberados para entrar no País. O canal verde concentra os lotes liberadosdeinspeções.
Alguns segmentos do comércio exterior consideram a operação uma forma de barrar as importações, já que elas ficam por longos períodos à espera de liberaçõesdaAduana.
Amorim considera esta hipótese e garante que ela atrapalha o desenvolvimento econômico do País. "A gente tem uma necessidade de controle que deve ser levada a sério, só que eu temo que o que aconteceu recentemente (Maré Vermelha) vá muito além disso. Eu imagino que a razão pela qual essa medida foi implantada é dificultar a importação de produtos industrializados e, com isso, dar uma condição melhor de competitividade à nossa indústria", destaca.
Porém, para o economista, a medida não surtiu o efeito desejado. Isto porque a indústria se ressenteda demora na importação de componentes indispensáveis no processo de produção e sofre com os atrasos, que se refletem na entrega de mercadorias brasileiras.
PARALISAÇÕES
As greves de servidores federais, que vêm causando danos às operações no Porto de Santos, foram lembradas por Amorim como outro grande problema para a competitividade do País.
Para ele,esta é uma forma de emperrar as trocas comerciais e, com isso, desfavorecer as transações financeiras. "Uma das coisas que a gente deveriamudarnoBrasiléoestado cartoriado, onde tudo precisa de uma série de autorizações e isso faz com que qual quer ponto insatisfeito da cadeia consiga pará-la como um todo".
Mesmo com todos os problemas que ainda devem ser superados, Amorim destaca que o Brasil tem um bom futuro. Com o desenvolvimento de países como China e Índia, que têm grande população, a tendência é que o solo brasileiro seja fonte de alimento para as duas nações.
Isto significa dizer que as exportações de produtos alimentícios continuarão sendo fonte de emprego e renda para o País. Porém, ele destaca que o Brasil não está imune à crise européia, que pode ser considerada como um "tsunami". "Vai ficar pior antes de ficar melhor", afirma.