December 28, 2011

Três desejos para 2012

Miguel Setas - Vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil

O ano aproxima-se do fim e este é o momento em que todos formulamos os nossos desejos para o ano seguinte. Para além dos tradicionais "saúde, paz e alegria", que é habitual desejarmos aos nossos familiares e amigos, gostaria de terminar 2011 com mais três desejos para 2012.

São três desejos que não serão apenas válidos para o próximo ano, mas sim para a década em que vivemos.

Inspirei-me nas palavras de José Luis Sampedro, renomado economista espanhol que, com a sabedoria dos seus 94 anos, tem sido um dos apoiantes do movimento de "Los indignados", na Espanha. Chegou a hora de criarmos um futuro melhor. Todos nós sabemos disso. É preciso assumir essa consciência, essa vontade de mudança, para criarmos um mundo e uma sociedade sustentável. Por isso, o ano de 2012, o nosso futuro, tem de ser "Ético", "Ecológico" e "Estético".

Comecemos pelo primeiro desejo - "Ético". A organização "Transparency International" edita todos os anos um estudo sobre o nível de corrupção por país. O mapa Mundi deste estudo está colorido de tons avermelhados, numa imagem que nos mostra um claro subdesenvolvimento ético da nossa sociedade. Destacam-se positivamente os países escandinavos, Singapura e Nova Zelândia, mas a grande maioria das outras nações apresenta elevados níveis de corrupção.

A crise que vivemos atualmente não é apenas financeira. É acima de tudo uma crise ética. Recordemo-nos dos múltiplos escândalos que grassaram no setor financeiro nos últimos anos ou das sucessivas demissões de ministros no governo da presidente Dilma. Não há dúvida que para construirmos um mundo melhor precisamos de uma sociedade mais ética e transparente. Sobre "Ecológico", escrevi no último artigo de opinião ("Insustentabilidade"). Os resultados da Conferência do Clima (COP-17) em Durban, parecem claramente insuficientes para abrandar a tendência das mudanças climáticas em marcha.

Já se antecipa um aumento da temperatura média do planeta de 3,5 graus Celsius, em vez dos 2 graus, que os cientistas recomendaram como limite aceitável do aquecimento global.

Acordar que em 2015 assumiremos compromissos de reduções de emissões para entrarem em vigor a partir de 2020, é uma atitude imprudente dos governantes mundiais, perante um problema que afetará inevitavelmente as atuais e futuras gerações. Em 2012, a Conferência "Rio+20" será uma nova oportunidade para tratarmos este tema com o respeito e cuidado que ele merece, a tempo de evitarmos uma "falência ecológica".

Finalmente, queremos um 2012 mais "Estético". Acima de tudo referimo-nos à importância da educação e da cultura para uma refundação civilizacional (ética, social e política) e também dos movimentos artísticos, fundamentais para o desenvolvimento ideológico da nossa sociedade.

Em 2012, celebra-se o ano de Portugal no Brasil e vice-versa. Esta será uma boa oportunidade para reforçarmos relações no espaço da lusofonia, reafirmando a centralidade da língua portuguesa no novo cenário mundial. Se construirmos um 2012 mais "Ético", mais "Ecológico" e mais "Estético", estaremos construindo um futuro mais sustentável. Estaremos crescendo em civilização e humanidade. Excelente 2012 para todos!

Miguel Setas é vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil

Fonte: Brasil Econômico - 28/12/2011

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