Fonte: Faesp Senar.com.br - 23/10/2013
Brasília, 23 - A crise da cafeicultura foi o assunto mais discutido no Ministério da Agricultura nesta quarta-feira, 23. Na Bolsa de Nova York, a cotação do café arábica recuou neste pregão para o patamar mais baixo desde março 2009 e fechou em queda pela sétima sessão consecutiva.
O secretário-executivo do ministério, Gerardo Fontelles, que responde interinamente pela Secretaria de Produção e Agroenergia, debateu em audiência o assunto com uma comitiva liderada pelo secretário mineiro de Agricultura, Elmiro Nascimento, e na reunião mensal dos membros do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC).
Os produtores cobram medidas urgentes para amenizar o impacto da queda dos preços internacionais do café, provocada pelas perspectivas de aumento da oferta, devido à recuperação da safra colombiana e à colheita de uma safra cheia no Brasil no próximo ano.
O fechamento desta sessão na Bolsa de Nova York derrubou o café no mercado interno para entre R$ 240 a R$ 250 a saca, valor bem abaixo do preço mínimo de garantia, estabelecido pelo governo em R$ 307/saca.
O secretário Elmiro Nascimento disse ter apresentado a Gerardo Fontelles as propostas que o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), irá entregar à presidente Dilma Rousseff em audiência prevista para as próximas semanas.
O governo mineiro pede a suspensão do pagamento de parcelas das dívidas por 120 dias e a realização de leilões para equalização de preços (Pepro) para escoar 10 milhões de sacas de café, garantindo o preço mínimo de R$ 307/saca.
Ao defender os leilões, o secretário disse que "o produtor precisa de uma injeção na veia".
O deputado federal licenciado Carlos Melles (DEM/MG), presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso) e secretário de Transportes e Obras Públicas do governo mineiro, também participou da audiência e apresentou uma proposta de longo prazo.
Melles calcula que a dívida da cafeicultura é de R$ 10 bilhões, "o valor de uma safra". Ele defende que o governo alongue as dívidas por 20 anos ou troque o endividamento pela erradicação de cafezais.
Melles, que foi o primeiro presidente da Frente Parlamentar da Cafeicultura na Câmara dos Deputados, defende ainda leilões de contratos de opções de venda de café nos próximos cinco anos, com volumes correspondentes a 20% da safra colhida.
"No prazo de cinco anos o governo teria 50% do volume exportado anualmente", diz ele, que ao mesmo tempo propõe leilões de equalização de preços de 30% da produção anual, a valores 20% acima do preço mínimo de garantia.
Melles sugere que o governo estabeleça que as Cédulas do Produto Rural (CPR), dadas em garantia nas operações de financiamento, tenham os mesmos juros do crédito rural oficial (5,5%) e não os 25% a 30% pagos pelos cafeicultores todo ano na renovação do título.