Niviane Magalhães (nmagalhaes@brasileconomico.com.br)
# Chegada do primeiro filho levou o publicitário Eduardo Dechichi a mudar de rumo. O quarto do desenho Carros custou R$ 14 mil
Quando sua esposa ficou grávida, o publicitário e empresário Eduardo Dechichi, 49 anos, queria que o quarto do filho fosse diferente. Na época, ele era dono de uma agência de publicidade e juntamente com a equipe de criação pensou em desenvolver um berço diferente.
"Como eu gostava de barco, pesquisei e vi uma cama em formato da embarcação, mandei fazer e todo mundo achou legal. Então, eu e minha equipe começamos a desenvolver outras linhas, como avião e outros meios de transporte, mas só por brincadeira", conta o empresário.
Com os primeiros berços e camas feitos, Dechichi percebeu que depender apenas dos marceneiros dava muito trabalho. "Os marceneiros, muitas vezes, não sabiam fazer e eu não sabia explicar. Além disso, eles demoravam a entregar e ainda ficava muito caro".
A partir de então, o empresário percebeu que não havia players no segmento e, em 2001, lançou a empresa Gepeto, em alusão ao criador do Pinocchio, marceneiro e artesão. "Depois disso pensei: acho que vou ganhar dinheiro com isso", lembra.
Diante da ideia, Dechichi partiu logo para os personagens de sucesso de Walt Disney. "Assim que eu descobri que existia escritório da Disney no Brasil, fui até lá para ver os direitos autorais". No entanto, a ideia que parecia ser tão brilhante, acabou sendo ofuscada com as exigências.
O empresário lembra que as primeiras perguntas da representante da Disney foram: Qual a sua capacidade produtiva? Qual o tamanho da sua fábrica? Quantos mil metros quadrados você tem de espaço? Qual é o seu faturamento?
Depois das perguntas, ele foi informado ainda que teria que pagar os royalties antecipados, pois a Disney não corre riscos. Portanto, precisava montar sua fábrica primeiro e estruturar sua empresa.
"Apesar do balde de água fria, eu ainda quis mostrar os meus desenhos. Quando a representante olhou e viu que não eram camas com os personagens estampados na cabeceira, mas sim em formato da cara dos personagens, ela percebeu que realmente era algo interessante", diz Dechichi.
Com a ideia inovadora, a Disney do Brasil mandou o projeto para a matriz, nos Estados Unidos, onde foi aprovado, com a condição de que Dechichi fosse para lá fazer um curso de design.
"Começamos a desenvolver, só que não tínhamos fábrica. Então eu vendi a minha parte da agência de publicidade aos meus irmãos e montei uma indústria em Campos do Jordão". O valor inicial do investimento foi de R$ 600 mil.
Durante os primeiros cinco anos da empresa, o empresário tentou terceirizar a produção, mas a Disney não me permitia. Só depois desses cinco anos, mudou as regras e passou a permitir a terceirização.
Desde então, a indústria em Campos do Jordão foi fechada e hoje a empresa conta com fábricas terceirizadas, em Arapongas (PR), Itatiba (SP), Caxias do Sul (RS), São Bento do Sul (SC), Londrina (PR), Leme (SP) e Brodowski (SP).
A primeira loja própria ficou durante quatro anos na Daslu, mas, atualmente, as vendas são realizadas pelo site, revendedores e por arquitetos renomados no país.
"A loja na Daslu dava um retorno excelente, pois conseguíamos atingir um público mais seleto.Além disso, eu tenho exclusividade no mundo todo em fazer esse tipo de móvel com a marca Disney. Qualquer empresa que quiser fazer esse tipo de cama, a Disney me manda uma carta e, se eu autorizar, recebo os direitos autorais", revela o empresário.
O fechamento da Daslu provocou um buraco nas contas da empresa. O crescimento entre 2011 e 2012, será de apenas 3%, ante avanço de 20% entre 2010 e 2011. Dechichi chegou a fechar contrato para ter uma loja no shopping Cidade Jardim, no entanto, na hora de assumir não deu certo. A "Cecília Dale queria o espaço e ela tem mais nome do que eu", diz.
Fonte: Brasil Econômico - 16/10/2012
