Do UOL, em São Paulo
Em visita a São Paulo nesta quarta-feira (18), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o governo federal vai investir R$ 6,4 milhões em programas de tratamento de dependentes químicos na capital paulista. Esta é a primeira visita do ministro desde o começo da operação na cracolândia, na região central de São Paulo.
Segundo Padilha, R$ 3,2 milhões já estavam previstos, desde dezembro do ano passado, para serem repassados nos seis primeiros meses deste ano ao governo municipal. A novidade é que essa quantia vai continuar sendo investida no próximo semestre, o que somará R$ 6,4 milhões neste ano.
Padilha e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), fizeram na manhã de hoje, por volta das 10 horas, uma visita conjunta ao Complexo de Saúde da Sé. Eles vistoriaram os serviços oferecidos pelo complexo, que reúne na região central da cidade uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA), um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) infantil e um Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (Caps AD).
Padilha, que é médico infectologista, chegou ao complexo da Sé vestindo jaleco do Sistema Único de Saúde (SUS). O governo federal tem um Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas e no ano passado Kassab e Padilha debateram em Brasília como a capital paulista participaria da iniciativa.
Operação na cracolândia
A operação que acontece desde o dia 3 de janeiro na cracolândia, no centro de São Paulo, retirou da região 128,3 toneladas de lixo e entulho concentrados nos casarões abandonados da região, utilizados como abrigo de dependentes químicos.
Seis imóveis da região começaram a ser demolidos nesta quarta-feira (18) após a interdição de mais de 30 considerados irregulares na área. Os estabelecimentos, localizados nas alamedas Barão de Piracicaba e Dino Bueno, rua Helvetia, avenida Rio Branco e largo Coração de Jesus, abrigavam comércios, bares, hotéis e pensões construídas irregularmente.
A ação foi realizada ontem por 250 homens, divididos em 20 equipes, compostas por agentes, engenheiros e agentes de apoio, que contaram com o auxílio de 40 caminhões. As fiscalizações deverão continuar ao longo da semana.
Segundo o último balanço divulgado pelo governo estadual, os agentes de saúde abordaram 2.111 pessoas desde o começo da operação integrada entre órgãos municipais e estaduais, sendo que 92 foram internadas e outras 352 foram encaminhadas para serviços de saúde.
Foram apreendidos no local 3,3 kg de crack –ou cerca de 10 mil pedras–, 15 kg de cocaína e 44 kg de maconha. Entre as 6.242 abordagens policiais, 43 pessoas condenadas foram capturadas e outras 114 foram presas.
Entenda
A operação policial na região central de São Paulo acontece para combater o tráfico de drogas e evitar aglomerações de dependentes de crack. Participam da ação policiais e órgãos estaduais e municipais ligados à segurança, saúde e assistência social. Segundo a Secretária de Segurança Pública, a ação não tem prazo para terminar e não tem erros.
Entretanto, reportagens mostraram que o patrulhamento na região começou antes da hora, sem o conhecimento do prefeito Gilberto Kassab (PSD), como ele mesmo admitiu, do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do comando geral da Polícia Militar.
O uso da força foi criticado. Imagens mostraram a Polícia Militar usando balas de borracha e bombas de efeito moral contra os usuários, mas os equipamentos foram proibidos pelo secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, depois que as fotos foram divulgadas. O Ministério Público chegou a abrir inquérito para investigar a atuação da PM na operação.
Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, na segunda-feira (16), mostrou que Kassab e Alckmin decidiram, em 1º de dezembro, pelo uso ostensivo da Polícia Militar na cracolândia. Até então, havia grupos que defendiam prioridade à ação social e de saúde pública. O combate ao tráfico foi posto à frente, pois, para o secretário municipal Januário Montone (Saúde), sem repressão da PM, todos seguiriam "enxugando gelo".
A maior apreensão feita pela polícia até o momento ocorreu na noite de quinta-feira (12), quando uma mulher foi detida com 16 mil pedras de crack que seriam distribuídas na região.
(Com Agência Estado)
Fonte: Uol - 18/1/2012