Por Rajesh Kumar Singh
NOVA DÉLHI, 29 Mar (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff acusou os países desenvolvidos de prejudicarem outros com políticas monetárias "injustas". As declarações da presidente foram dadas na conferência do grupo de países emergentes Brics nesta quinta-feira, em Nova Délhi, onde líderes do grupo pressionaram as potências ocidentais a ceder mais direitos de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) neste ano.
A política monetária do mundo rico "traz vantagens comerciais enormes para os países desenvolvidos, e resulta em obstáculos injustos para os outros países", disse Dilma.
O Brasil acusa países ricos de provocarem um "tsunami monetário" ao adotar políticas expansionistas, como taxas de juros baixas e programas de compra de títulos.
As políticas têm o objetivo de estimular as economias da Europa e dos Estados Unidos, mas também provocaram uma onda de liquidez global que afetou mercados emergentes como o Brasil, fortalecendo suas moedas e tornando suas economias menos competitivas no exterior.
Em comunicado conjunto, os países que formam os Brics -Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- pressionaram por mais direitos de voto no FMI.
"Esse processo dinâmico de reforma é necessário para garantir a legitimidade e a efetividade do Fundo", afirmaram os países após o primeiro dia de reunião.
"Realçamos que o esforço contínuo para elevar a capacidade de empréstimo do FMI só terá sucesso se houver confiança de que todos os membros da instituição estão verdadeiramente comprometidos em implementar fielmente a Reforma de 2010 ."
As mudanças prometidas nos direitos de voto no FMI ainda não foram ratificadas pelos Estados Unidos, ampliando a frustração em relação às reformas do G7 e do Conselho de Segurança da ONU, onde Índia e Brasil pleiteiam há anos assentos permanentes.
Os líderes dos Brics também acusaram países ricos de desestabilizarem a economia mundial cinco anos após a crise financeira global.
"É crítico que economias avançadas adotem políticas macroeconômicas e financeiras responsáveis, evitando a criação de uma liquidez excessiva global, e adotem reformas estruturais para impulsionar o crescimento que crie empregos", disseram eles no comunicado conjunto.
(Reportagem adicional de Matthias Williams, Brian Winter e Alexei Anishchuk)
Fonte: Uol / Reuters - 29/3/2012
DILMA DEFENDE NOVA ORDEM MUNDIAL E REFORMAS NA ONU
Em Nova Déli (Índia)
Índia e Brasil querem uma nova ordem mundial e reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas que levem em consideração a nova realidade do mundo, afirma a presidente brasileira, Dilma Rousseff, em um artigo publicado no jornal "The Times of India".
"Brasil e Índia convergem fortemente para a reforma das organizações internacionais, seja a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a criação de um novo modelo de responsabilidade do FMI ou o estabelecimento de novos fóruns de alto nível, como o G20, IBAS, BASIC e Brics", afirma Rousseff.
Dilma participa, em Nova Déli, da IV Reunião de Cúpula dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e na sexta-feira fará uma visita de Estado ao país anfitrião.
A visita, segundo a presidente brasileira, pretende "consolidar uma agenda bilateral substantiva e reforçar princípios similares de política externar, incluindo a defesa dos interesses de nossas populações pobres, promoção de crescimento econômico sustentável e uma posição internacional independente coerente com a nova ordem internacional".
Na primeira viagem à Índia como chefe de Estado, Rousseff ressalta que as duas democracias compartilham muitas semelhanças, apesar da situação geográfica, como o multiculturalismo e a diversidade étnica e religiosa.
"Brasil e Índia se destacam como modelos de crescimento, que conseguiram tirar da pobreza milhões de pessoas", afirma no texto.
O comércio entre os dois países, que assinaram mais de 30 acordos bilaterais, passou de 500 milhões de dólares em 1999 a 9,3 bilhões em 2011. A Índia é o 12º maior sócio comercial do Brasil.
Durante esta visita, os dois países assinarão o acordo "Ciência Sem Fronteiras" para permitir que professores e estudantes brasileiros possam estudar em universidades indianas e vice-versa.
Os países também pretendem ampliar a área de cooperação, centrada principalmente na tecnologia, medicina e defesa, além de estimular o turismo.
A visita de Dilma Rousseff à Índia também pode ser importante para decisão de Brasília sobre a compra de 36 caças.
Analistas e fontes do governo brasileiro afirmam que a decisão da Índia de negociar exclusivamente com a França para a compra de 126 Rafale - uma licitação avaliada em 12 bilhões de dólares - pode ajudar a convencer o Brasil a optar pelo mesmo avião.
Fonte: Uol / AFP - 29/3/2012