February 15, 2012

Brasil irá contingenciar cerca de R$ 50 bi, diz Pimentel

Martina Fuchs/Reuters

"Nós estamos mantendo nossa dívida pública sob rigoroso controle para evitar o que aconteceu na Europa", disse o ministro.

O governo brasileiro irá contingenciar cerca de R$ 50 bilhões em gastos em seu Orçamento de 2012 para ajudar a cumprir suas metas fiscais, afirmou nesta quarta-feira (15/2) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

"Será algo em torno de R$ 50 bilhões para este ano, talvez um pouco mais", afirmou Pimentel à Reuters durante visita oficial a Dubai.

"O governo sempre anuncia um contingenciamento do Orçamento no começo do ano, é uma medida de precaução."

Ele acrescentou: "Nós estamos mantendo nossa dívida pública sob rigoroso controle para evitar o que aconteceu na Europa. É por isso que há um contingenciamento preventivo do Orçamento como esse."

Em Brasília, fontes afirmaram que o governo deverá revisar o tamanho do contingenciamento na tarde desta quarta-feira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem pressionado por um corte de cerca de R$ 50 bilhões, de acordo com as fontes, um número visto como insuficiente por muitos analistas para atingir as metas de redução da dívida.

Um contingenciamento nesse valor equivaleria a 3% do Orçamento deste ano, excluindo os gastos de refinanciamento, e teria o mesmo tamanho do corte anunciado no ano passado.

Indústria deve se recuperar

Espera-se que a produção industrial brasileira se recupere neste ano, afirmou Pimentel, após um pequeno crescimento de apenas 0,3% no ano passado.

"Nós achamos que o crescimento de 0,3% do ano passado foi muito pouco, queremos crescer muito mais rápido do que isso, mas é difícil prever, pois estamos em meio a um cenário internacional de crise."

"Nós estamos trabalhando com um número entre 1,5% e 2% este ano."

Pimentel afirmou que o governo desenvolverá mais medidas para estimular as exportações e que também planeja novas regras para incentivar a inovação na indústria automobilística e na produção local de autopeças.

"O Brasil não tem empresas brasileiras de carros - todas são multinacionais. Nós queremos que elas comprem suas peças no Brasil", afirmou, sem dar mais detalhes.

No começo deste mês, Pimentel afirmou que o Brasil queria renegociar ou finalizar um antigo acordo com o México, que mantém o comércio automotivo deles livre de tarifas. O Brasil quer que o México compre mais ônibus e caminhões.

Em negociações com autoridades chinesas nesta semana, autoridades brasileiras pediram à China uma redução voluntária nas exportações para o Brasil de produtos do setor têxtil, de sapatos e eletrônicos, por exemplo, para proteger os manufatureiros brasileiros. Questionado sobre isso, Pimentel disse:

"Esse é um ponto sensível na economia brasileira, e foi isso que nós explicamos para a delegação chinesa."

"Nós ainda estamos no processo de negociação. Nós queremos relacionamentos de longo prazo com a China, que precisa ajustar os interesses estratégicos dos dois países e reduzir as tensões locais."

Pressão por renúncia

Pimentel, membro do Partido dos Trabalhadores (PT), o mesmo da presidente Dilma Rousseff, reiterou que não irá renunciar devido à pressão da oposição para explicar sua fortuna pessoal. Vários membros do gabinete de Dilma renunciaram após alegações de corrupção, desde que ela assumiu a presidência em janeiro do ano passado.

"Há questionamentos, pois eu tinha atividades empresariais antes de assumir o cargo de ministro. A oposição questiona se essa atividade não era um conflito de interesses."

"Eu me manterei no cargo", afirmou Pimentel, que negou consistentemente qualquer irregularidade.

Fonte: Brasil Econômico / Reuters - 15/2/2012

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