Marcelo Mariaca - Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School
Até pouco tempo atrás, a maioria dos executivos brasileiros não hesitava em aceitar um convite para trocar uma empresa de capital nacional por uma internacional.
Um cargo numa multinacional representava melhor remuneração, mais benefícios, status e a perspectiva de ter uma experiência no exterior. Mas não era só isso: a passagem por uma empresa de atuação mundial também significava crescimento profissional por meio da aprendizagem de melhores práticas globais, do aperfeiçoamento do idioma falado na matriz ou do inglês e da riqueza da diversidade cultural na organização.
Hoje, empresas nacionais concorrem com multinacionais na atração dos melhores talentos. As organizações brasileiras se profissionalizaram, abriram capital, ganharam musculatura e passaram a disputar o mercado global. Entre as mais internacionalizadas figuram JBS, Gerdau, Vale, Odebrecht, Stefanini IT Solutions, Metalfrio, Ibope, Sabó, Petrobras, entre muitas outras de classe mundial.
Cresce também o número de grandes empresas nacionais que, embora não tenham atravessado as fronteiras do País, são admiradas e cobiçadas pelos profissionais. Ou seja, empresas brasileiras oferecem praticamente as mesmas condições que multinacionais para que o executivo tenha uma carreira de sucesso.
Mas existe alguma diferença em se trabalhar numa empresa nacional ou internacional?
Com a internacionalização da economia, empresas de todas as nacionalidades tendem a adotar padrões comuns e as melhores práticas globais. Mas existem diferenças regionais que influenciam a cultura da organização.
Alemães e asiáticos, por exemplo, são considerados mais conservadores e reservados, enquanto as práticas corporativas de países anglo-americanos refletem otimismo e transparência. Em alguns países, há certos padrões mais flexíveis em termos de cumprimento da legislação, ética, comportamento corporativo e até mesmo de gestão.
Executivos costumam afirmar que empresas brasileiras proporcionam mais autonomia aos gestores que multinacionais que atuam no país, o que não deixa de ser natural.
Os que trabalham em multinacionais geralmente se queixam de que têm de consultar a matriz antes de qualquer decisão, mesmo as mais rotineiras, e de que o excesso de burocracia compromete a agilidade das decisões.
E qualquer mudança torna-se difícil depois que um processo é desenvolvido e repassado às filiais. As empresas nacionais, em contrapartida, são mais flexíveis.
Essa flexibilidade também se manifesta no desenvolvimento da carreira dos executivos, ao contrário do que ocorre em empresas asiáticas, por exemplo, que são caracterizadas pela rigidez hierárquica e pelo longo, planejado e previsível processo de ascensão aos cargos.
Assim, em muitos casos, o profissional pode ter uma ascensão meteórica numa empresa nacional, o que seria difícil em organizações de outros países. Mas quem opta por uma empresa multinacional também leva em conta que vai concorrer com profissionais não apenas da matriz, mas de todos os mercados em que ela atua.
---------------------------------------------------------
Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School
Fonte: Brasil Econômico - 24/9/2012