O fechamento de capital da LLX, se não chegou a ser uma surpresa para os chamados investidores profissionais da Bolsa de Valores --ante os boatos que já circulavam no mercado--, provoca a quebra mais um dos encantos que circundava o empresário Eike Batista.
A decisão vem acompanhada da explicação de que EBX --grupo de Batista que controla a companhia com 54% das ações-- e o fundo de pensão estrangeiro Ontário Teachers --que possui 18%-- vão assumir a fatia de ações que hoje estão em poder dos acionistas minoritários --que detêm os 28% restantes.
Assim, a empresa continuará com seus ambiciosos projetos na área de logística portuária sem a participação dos sócios do mercado acionário.
Não é possível não deixar de listar que nos últimos meses as empresas do grupo "X" têm vivido um inferno astral. As notícias ruins têm criado dúvidas na cabeça dos investidores quanto à capacidade efetiva de Eike conseguir realizar os planos que traçou para as suas empresas.
A desconfiança tomou fôlego em junho com a OGX, quando a petrolífera revisou para baixo suas estimativas de produção. Para uma empresa sem experiência e totalmente embalada em planos futuros, o recálculo foi uma ducha de água fria na imagem do empresário --o que acabou por repercutir nas demais empresas.
O episódio da OGX levou a agência Moody's a rebaixar a avaliação de seu rating.
Na sexta-feira passada, a Anglo American, sócia com 49% da Minas Rio (os outros 51% pertencem a LLX) anunciou que as obras da empresa dedicada ao escoamento de minério de ferro no Superporto do Açu, em São João da Barra, vão atrasar em um ano, adiando o início de suas atividades para junho de 2014 --uma nova notícia ruim que castigaria diretamente a confiança dos investidores na LLX.
O principal negócio da LLX será justamente o complexo portuário do Açu, um superporto com 17 quilômetros de extensão, com vários berços de atracação, possuindo calado profundo para receber supernavios, distante cerca de 150 quilômetros da Bacia de Campos e desenhado para ter áreas industriais contíguas.
O atraso nas obras certamente castigaria em muito as cotações da empresa. Com o anúncio do fechamento de capital da empresa, as ações, que chegaram a cair em torno de 20% em 2012, subiram.
O título, que seria por definição uma ação de renda variável, se tornou repentinamente uma renda fixa.
Para os que carregam o papel desde a largada, é uma forma de amenizar as perdas. Os que compraram ontem enxergaram um atalho para um lucro rápido.
A LLX se tornará um assunto totalmente privado, mas Eike Batista continuará na berlinda. Para muitos, ainda falta ao empresário entregar o que prometeu, confirmando seu grande sucesso --ou que parte de seu império era vidrou e se quebrou.
Fonte: Folha de S. Paulo / 31/07/2012