Fonte: iG - 28/8/2014 - 6h00
Por Bárbara Ladeia - iG São Paulo
# Os pedidos de informações para abrir negócios nos Estados Unidos cresceram 74% em comparação ao ano passado
Expandir uma empresa para o exterior é uma ideia que, por si só, assusta. Dúvidas sobre o mercado e sobre as regras do jogo – formais e implícitas – em cada país são só o começo de uma longa jornada de internacionalização.
A falta de conhecimento não tem desencorajado os brasileiros. Segundo pesquisa da Drummond em parceria com a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), os pedidos de informações para abrir negócios nos Estados Unidos cresceram 74% em comparação ao segundo semestre de 2013.
Segundo Bruno Drummond, sócio da Drummond, que presta serviços de contabilidade, consultoria tributária e financeira, cerca de 30% das empresas que procuram a empresa estão exclusivamente em busca de financiamentos no exterior. “È mais fácil para uma empresa alavancar dinheiro lá fora que aqui. Para o nosso ambiente de negócios brasileiro, é um paradigma”, diz.
Um dos principais pontos que são observados pelos bancos e outros investidores, é a capacidade de escala do produto o serviço. “Se for um serviço internacionalizável, escalável, o banco vai perguntar ‘onde você estava? Eu quero investir em você’”, comenta o executivo. “Existe a demanda, mas também existe um mercado de recursos disponível.”
Segundo Camila Moura, gerente de comércio exterior da Amcham, empresas de qualquer porte podem abrir suas operações nos Estados Unidos. “Não há nenhum tipo de restrição a empresas grandes ou pequenas. Depende mais de como os sócios vão conduzir a operação”, diz.
Camila garante que o brasileiro estranha os primeiros contatos com o mercado americano. “É muito mais fácil abrir empresa lá que aqui”, diz. “Abrir a empresa, formalmente, não é o maior gargalo. A dificuldade está em entender o mercado.”
Confira os 5 passos para quem quer abrir empresa nos Estados Unidos,segundo a Amcham e a Drummond.
1 - Faça uma boa pesquisa de mercado
O conselho de Camila é fazer uma profunda pesquisa de mercado para entender e escolher onde e como vai atuar. “Para as pequenas empresas é fundamental identificar qual nicho pretende abordar”, diz. Assim como o Brasil, os Estados Unidos têm dimensões continentais e as diferenças culturais entre um Estado e outro podem determinar o futuro do seu negócio.
2 - Mapeie suportes, parceiros e fornecedores
Não deixe para visitar os Estados Unidos apenas na hora de abrir oficialmente sua empresa. Procure interlocutores, entidades de classe, governos e municípios que possam te mostrar o melhor caminho e quais benefícios você pode encontrar.
Identifique também os parceiros e fornecedores de serviços que estejam aptos a te ajudar nessa ponte.
3 - Adeque seu serviço às regras locais.
Mudam os países, mudam as regras. Os parceiros – advogados e contadores, por exemplo – entendem da regulamentação americana e vão te ajudar a encaixar o seu produto ou serviço nas regras locais. “È importante que você esteja cercado de pessoas em que confia para abrir as portas em um mercado novo”, diz Camila.
4 - Escolha o seu formato de entrada
A primeira aproximação com o mercado americano pode acontecer por meio dos escritórios de representação. O empresário, neste caso, não precisa criar pessoa jurídica. No entanto, ele não pode fazer nada além de pesquisa, suporte, publicidade e compra de bens em nome da sede no exterior.
A filial também não exige criação de pessoa jurídica, mas implica em obrigações tributárias – cuja alíquota máxima é de 35% antes do envio de dividendos à matriz. O envio de remessa de lucros está sujeito a uma alíquota de 30%.
Outro caminho para por o pé dentro do mercado americano é como subsidiária, quando se cria uma pessoa jurídica no país estrangeiro. Nesse formato, empresas brasileiras tributadas no Lucro Presumido, precisam mudar o regime para o Lucro Real. O trinuto é o mesmo de uma filial.
5 - Conheça os tipos de empresas nos Estados Unidos
A Sole Proprietorship, é uma empresa individual em que a renda da companhia é a renda direta do sócio – assim como a responsabilidade pelas obrigações da empresa.
As General Partneships (GP) envolvem dois ou mais sócios, que são responsáveis pelas obrigações da empresa. O lucro ou o prejuízo da sociedade é reconhecido no patrimônio do sócio pelo tamanho da sua participação – e também é tributado considerando a fatia.
As Limited Partnerships (LP) são também de dois ou mais sócios, mas a responsabilidade destes pode ser limitada ou ilimitada. A tributação incide sobre o patrimônio dos sócios
Corporations (C) podem ter número ilimitado de sócios, detentores de ações – a responsabilidade é compartilhada entre os acionistas conforme cotas. O lucro é tributado e pago pela empresa. Os dividendos também são tributas, mas são responsabilidade dos sócios
Nas Limited Liability Companies (LLC), a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de suas ações. O lucro é tributado e pago pela empresa, assim como os dividendos são tributados e pagos pelos sócios. O regime tributário pode ser escolhido.
Nas Limited Liability Partnership (LLP), dois ou mais sócios administram a empresa conforme o contrato social. A responsabilidade e a tributação são proporcionais ao valor de suas cotas.