O trader da NGK Stockler, Alexandre Ferraz, falou sobre as oscilações e o funcionamento do mercado cafeeiro aos alunos do 70.º Curso de Classificação e Degustação de Café da Associação Comercial de Santos (ACS), na manhã desta terça-feira (26).
Ferraz começou a palestra mostrando um fato curioso: a imagem de um boi e de um urso. Ele explicou que o mercado financeiro utiliza a figura de animais para designar perfis de investidores, ferramentas e tendências. “A figura do boi indica tendência de alta na Bolsa (bullish). O termo vem do fato de que quando um touro ataca, ele utiliza seus chifres em um movimento de baixo para cima. Ao contrário do touro, o urso aponta para uma queda no mercado de ações (bearish), pois quando ele ataca dá patadas fortes de cima para baixo”.
Alexandre Ferraz explicou também como a comercialização do café é feita, desde a fazenda até a xícara. Ele ressaltou que o maior consumidor da produção de café do Brasil é o próprio brasileiro. “Sempre incentivo as pessoas a olharem o mercado local. Temos costume de olhar o de fora, mas aqui dentro tem um grande mercado, principalmente, relacionado ao café especial”.
Análise fundamental e técnica
Para compreender como as variações podem afetar os preços internos da produção é preciso saber um pouco sobre economia, o funcionamento dos mercados e também ficar atento as unidades utilizadas para fazer a conversão. “Muitas vezes o produtor não precisa vender de imediato. Ele tem até um ano para comercializar o café. Por isso, é importante a função do trader, que monitora o mercado para tomar decisões e definir o preço para venda e compra do café”.
Quem está no ramo cafeeiro, sabe que o preço do grão varia diariamente. Essa alteração é pautada pelo mercado financeiro, em especial, pelos índices das bolsas de valores internacionais. “No caso do café, o mercado se divide entre a Bolsa de Nova York para café arábica e a de Londres para o café robusta”.
Há várias formas de comercialização de café no mercado internacional. Uma delas envolve o produtor, empresas e profissionais na intermediação e o importador. Há também a exportação direta do produtor para o recebedor final, sem intermediação. “De qualquer modo, a comercialização tem um papel importante na cadeia do café”.
Ainda de acordo com Ferraz, o preço do café é motivado e impactado diretamente pelo mercado climático, oferta e demanda mundial, e competição entre as exportadoras na compra e venda. “Não é apenas a Bolsa que define o preço. Ela apenas reflete os acontecimentos e as opiniões dos atuantes desta atividade”.