Cláudio Conz - Presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
Muitas pessoas ainda não conseguem enxergar os impactos positivos da vinda dos grandes eventos esportivos mundiais para nosso país — a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Tais acontecimentos geram uma sensível demanda por mão de obra qualificada, especialmente no segmento da construção.
Recentemente, na coluna do Ancelmo Góis, no jornal O Globo, chamou-me a atenção o fato de que o Rio de Janeiro tem hoje 110 novos hotéis em construção ou em processo de licenciamento. Somente de maio a setembro deste ano, ficaram prontos 845 novos quartos na cidade.
Hoje, existem 17.419 quartos em consulta, análise, licenciamento ou construção. E esses números não incluem pousadas e motéis. Nos últimos 20 anos, a média de emissão de licenças na cidade era de apenas 1,8 hotel por ano. A reviravolta deve-se, com certeza, ao anúncio destes eventos e ao pacote da prefeitura de incentivos ao setor.
No restante do país, quase 5 mil hotéis, pousadas e albergues devem ficar prontos até 2014, a maioria deles nas cidades sede da Copa. Só em Belo Horizonte, serão 40 novos hotéis. O mais interessante é que, para cada quarto construído, serão criados quatro empregos diretos.
Uma pesquisa da FGV Projetos, realizada a pedido da CBF, revelou que a Copa do Mundo de 2014 deverá gerar 3,6 milhões e empregos no Brasil. A movimentação tem sido mais forte nos setores da construção, marketing, hotelaria e turismo.
Na construção, por exemplo, além da contratação de mão de obra para trabalhar nos canteiros, também há contratação de gestores de obras e de pessoas para atuarem nos cargos estratégicos das novas implantações hoteleiras.
Dados do governo federal indicam que os jogos podem gerar até R$ 90 bilhões em renda, além de incentivar a criação de 120 mil novos empregos diretos e indiretos até 2016 e cerca de 130 mil, entre 2017 e 2027.
O setor da construção civil exige cada vez mais pessoal qualificado, o que abre enormes oportunidades de ganhos de produtividade e melhoria de renda. Além disso, a presença da mulher no segmento já começa a ser expressiva.
Ela passa de uma renda primária e informal para um emprego com carteira assinada na construção e com qualificações para executar melhorias em sua casa nas horas de folga.
Precisamos fazer um grande esforço para conseguirmos dar conta destas demandas dos grandes eventos esportivos e de outras tão importantes quanto esta que também envolvem diretamente a construção.
Como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES, posso afirmar que temos nos esforçado sobremaneira para resolver a questão da qualificação.
Quero lembrar o que sempre afirmei sobre nosso ramo: temos a capacidade de gerar círculo virtuoso de emprego e renda muito forte, que significam melhores condições de vida para toda população.
Com investimento em conhecimento, certamente estamos amplificando nosso poder multiplicador de postos de trabalho e proporcionando à sociedade a oportunidade de mais desenvolvimento.
E, com os grandes eventos esportivos, este é um grande momento do Brasil para aproveitarmos as oportunidades e fazermos a diferença. O crescimento do setor hoteleiro é um grande exemplo disso.
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Cláudio Conz é presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
Fonte: Brasil Econômico - 10/10/2012