October 15, 2012

Em Roma como os romanos

Marcelo Mariaca - Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School

Executivos que pretendem fazer carreira internacional devem conhecer as leis, a cultura e os costumes do país onde vão atuar, recomendam os headhunters e gurus em administração. Mas essa exigência para uma carreira de sucesso vai muito além do que se pensa.

A empresa oferece para os funcionários que expatria manuais com as principais informações sobre o país onde eles vão residir, incluindo as diferenças culturais e da legislação. Ao se instalar em seu novo endereço, os executivos ainda contam com a assistência e orientação da organização em sua fase de adaptação ao novo ambiente.

São práticas imprescindíveis para preparar o executivo não só para sobreviver num país estranho, mas também para evitar que ele cometa erros que possam prejudicar o negócio ou provocar graves problemas.

Só para citar um exemplo, há alguns anos o funcionário de uma empresa brasileira que estava sendo expatriado enfrentou sérios transtornos quando as autoridades do serviço de imigração descobriram que ele carregava um guia que incluía o mapa de Israel. Para aquelas autoridades, não existia o Estado de Israel e, sim, a "Palestina ocupada".

Antes, os profissionais brasileiros tinham mais oportunidades de trabalhar em países do Ocidente, principalmente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.

Apesar das diferenças, o choque cultural com a mudança não era tão forte. Hoje, executivos que sonham com uma carreira internacional devem estar preparados para viver em países com cultura e valores bastante diferentes dos nossos.

Pesquisa da KPMG revela que, de cada 10 executivos brasileiros expatriados, três passam por dificuldades no novo país ou desistem de seguir com a carreira no exterior. Geralmente eles não se adaptam à cultura local, à alimentação e até à forma mais fria e impessoal com que as pessoas são tratadas, ao contrário do que ocorre no Brasil.

Assim, para sobreviver em outro país e ter uma carreira de sucesso, o profissional deve se empenhar em assumir o modo de vida daquele povo. Um carnívoro compulsivo terá de abrir mão do churrasco e do filé com batata frita se quiser viver como um indiano.

É bom lembrar que todos os conselhos aqui expostos aplicam-se também a cônjuges e filhos, desde que tenham também exposição à nova cultura. Mais do que isso, sugiro que executivos transferidos façam uma profunda imersão na cultura do país onde estarão residindo, além de ler manuais para expatriados produzidos pela própria empresa.

Um bom caminho é ter paciência para assistir aos noticiosos e programas de entretenimento na televisão, ler a melhor literatura, curtir os diversos ritmos musicais e frequentar eventos culturais.

Um executivo da Metalfrio que viaja com frequência para a Rússia, onde a empresa tem uma fábrica de refrigeradores comerciais, não deixa de levar na bagagem livros de Gorki, Dostoievski, Tolstoi ou Tchekhov. Também garimpa filmes e CDs de músicas russas. Está aprendendo russo e trocou o uísque pela vodka.

Afinal, em Roma, como os romanos, como diz o ditado.

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Marcelo Mariaca é presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School

Fonte: Brasil Econômico - 15/10/2012

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